sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mato Grosso: Cultura ao avesso!

Mato Grosso: Cultura ao avesso!

        Pires quebrado. Eleito e eleitorado. Leite derramado. Pedra no caminho. Espinho pontiagudo. Compromisso assinado. Papel passado. Papel presente. Papel futuro. Letras e letrados. Livros e escolarizados. Antologias intermitentes. Artes dormentes. Artistas descontentes. Atores sem ribaltas iluminadas. Artesãos de uma Casa de portas fechadas. Músicos de uma serenata sem luar. Verbo governar. Verbo prometer. Verbo executar.
        Governante e população. Promessas e eleição. Executivo e administração. Cortar e reduzir. Limitar e conter. Superintendência dissimulada. Secretaria de Cultura sepultada. Morte de causa ignorada. Memória embalsamada. História cremada. Geografia sem missa de sétimo dia. Cidadania de luto coletivo. Presente do Indicativo. Aquarela desbotada. Óleo sob tela rasgada. Cantiga de ninar. Hino centenário. Glossário. Roda de seresta sem seresteiro. Cururu sem violeiro. Siriri sem tocador. Acorda Excelentíssimo Governador!
        Mato Grosso sabe de cor e salteado o que é uma divisão. Mato Grosso, antes do Estado solução propagado por José Garcia Neto, é muito mais do que uma bolsa de cimento em concreto armado. Mato Grosso é nascente do Cerrado em mais de uma vazão. Mato Grosso é meandro abandonado em mais de uma estação aonde a água corre cristalina. Mato Grosso é mais do que uma clareira clandestina. Mato Grosso é sina do progresso além de um celeiro abarrotado. Mato Grosso é muito mais do que um produto agrícola exportado. Mato Grosso é rebanho em campo cultivado. Mato Grosso é muito mais que um povo aldeão. Mato Grosso é verso antes de ser canção...
        Pela ordem, a nossa classe não será apequenada em acomodação palaciana. Pela ordem, integramos uma Pátria republicana. Pela ordem, temos direitos e deveres elencados em Carta Magna Constitucional. Pela ordem, temos obrigações com a cultura regional. Pela ordem, a poesia nem sempre nasce de parto natural. Pela ordem, a liberdade de expressão continua fundamental. Pela ordem, a manga Bourbon não nasce de cajueiro enxertado. Pela ordem, bagre ensopado nem sempre é mandi. Pela ordem, nem todos podem roer o mesmo pequi.
        Trezentos anos de cultura não se extinguem nem com reza brava. Vassouras nem sempre são feitas de fibras de piaçava. Aqui e acolá, uma voz se levanta para protestar. Aqui e acolá, um marco além de uma fronteira. Aqui e acolá, a miscigenada terra brasileira. Aqui e acolá, uma bandeira mais do que tremulante. Aqui e acolá, um Pavilhão a meio mastro agonizante. Aqui e acolá, um público mais do que pagante. Aqui e acolá, elegemos (e elegeremos) mais do que um representante.
        Nem tudo finda como principiou. Palavras o vento levou. Letras o tempo apagou. Quantas artes sem piso ficarão? Quantos artistas mato-grossenses destinados, como nós, a lamber do mesmo sabão? Sei não, assim vocês acabam nos decepcionando. Sei não, assim vocês continuam nos enganando. Fecha o cofre, passa a régua. Quem beijou, beijou. Fecha o caixão! Mato Grosso: Cultura ao avesso! Indignação!
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com


Sonatas...

Sonatas...
       Tem gente com fome? Sim! Tem leão faminto? Sim! Tem lobo em pele de cordeiro? Sim! Tem raposa no galinheiro? Sim! Tem rapadura de mamão? Sim! Tem literatura de cordel? Sim! Tem Rapunzel? Sim! Tem visconde além do de Sabugosa? Sim! Tem cravo ferido? Sim! Tem rosa despetalada? Sim! Tem marquesa além da de Santos? Sim! Tem condessa além da de Itu? Sim! Tem baronesa além da de Vila Maria? Sim! Tem princesinha além da do Paraguai? Sim!
       Tem criança sem creche e sem escola? Sim! Tem violência cantarolada além de uma moda de viola? Sim! Tem infância sem jardim? Sim! Tem pé de garrafa e curumim? Sim! Tem pó de pirlimpimpim? Sim! Tem estória sem fim? Sim! Tem conto do vigarista? Sim! Tem canto da sereia? Sim! Tem madame Mim? Sim! Tem lâmpada de Aladim? Sim! Tem Alibabá? Sim! Tem os quarenta ladrões? Sim! Tem mulher maravilha? Sim! Tem homem aranha? Sim!
       Tudo nós teremos e tudo nós podemos nas páginas que se fazem literatura com ou sem qualquer ficção. Tudo nós seremos e tudo nós faremos pela perpetuação da nossa cultura ameaçada de extinção. Uns tecem e outros modelam. Uns esculpem e outros sonorizam partituras. Uns dramatizam e outros pintam gravuras. Uns escrevem e outros regem orquestras e corais. Uns bailam e outros bailarinos. Uns consagrados e outros pequeninos. Todos nós cantamos um só Hino. Todos nós traduzimos a nossa região. Todos nós fazemos da arte o nosso pão.
       Todavia, nem todos nós integramos os mesmos picadeiros. Todavia, antes de mato-grossenses nós somos brasileiros. Todavia, nem todos nós aplaudimos o mesmo coliseu. Todavia, para cada Julieta o seu Romeu. Todavia, para cada Marília o seu Dirceu. Todavia, para cada palavra uma sentença. Todavia, para cada frase uma oração. Todavia, para cada verso nem sempre um soneto. Todavia, para cada meia dúzia nem sempre um sexteto.
       Saúde pública? Educação privada? Segurança armada? Transporte intermodal? Assistência social? Albergue municipal? Carro importado? Conta corrente? Dente? Livro? Presídio? Pão de cada dia? Democracia? Cidadania? Presidenta?  Veto? Decreto? Teto? Nem todos os eleitores e eleitoras do Brasil possuem! Ao contrário, a grande maioria do eleitorado brasileiro é possuída pela mesma fome de poder pelo poder. Enganam-se e deixam-se enganar pelos palatinos de última hora. Elegem e uma vez eleitos, ninguém quer ir embora. Uns ficam para enganar e para corromper. Outros fazem da política uma profissão. Uns intitulam-se partidários da nação.
       Enquanto isso a sonata do sim continua sem maestro de plantão. Tocam e retocam mais do que um berimbau. Esculpem para cada Pinóquio falante um par de pernas de pau. Articulam bonecos. Fabricam fantoches. Mandam o povo comer brioches. Mesmo assim, a sonata do sim continua ecoando de eleição em eleição. Mesmo assim, voltamos afirmar: O Brasil tem solução! A sonata do sim tem fim! E a sonata da corrupção? Não?
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Urnas volver!

Urnas volver!
     Um sentido. Uma direção. Uma Pátria. Um País. Um Estado. Uma União. Uma democracia em construção. Uma cidadania pavimentada. Uma renovação almejada. Uma página virada. Uma saúde assegurada. Uma educação valorizada. Um segurança atuante. Uma economia pujante. Um povo civilizado. Um poder emanado. Um voto validado. Uma promessa cumprida. Um plano político. Uma plataforma social. Uma moralidade institucional.
     Um sentimento. Uma constatação. Um abandono. Uma degradação. Uma falácia. Uma baderna. Um braço fraturado. Uma perna engessada. Um dedo apontado. Um sujeito. Um verbo. Uma oração. Um substantivo. Um predicado. Uma abstração. Uma denúncia. Um denunciado. Uma delação. Uma improbidade replicada. Uma mazela continuada. Uma querela tardia. Uma balela por primazia. Uma panela vazia. Uma mesa abastada. Uma favela na periferia. Um Palácio da Alvorada.
     Igualdade! Igualdade! Onde tu estarás abrigada? Liberdade! Liberdade! Temos fome, temos sede, temos nome, temos mais do que qualquer Força Armada. Temos uma Carta Magna promulgada. Temos um Congresso Nacional deveras representante dos reclames da Pátria nem sempre gentil. Temos uma infância aliciada em mais de uma região do Brasil. Temos uma guerra camuflada contra a ingerência civil. Temos uma batalha deflagrada em nosso viver varonil. Temos um Hino. Temos uma Bandeira. Temos um Brasão. Temos um Selo. Temos a Força da União.
     Queremos mais do que pão! Queremos mais do que as lonas de um picadeiro. Queremos governantes e legisladores por inteiro. Queremos a violência combatida em causa emergencial. Queremos o meio ambiente conservado além de uma clareira na Floresta Tropical. Queremos a nossa independência mais do que institucional. Queremos a nossa prioridade assistencial. Queremos a nossa soberania em tempo real. Queremos a nossa democracia validada em todo território nacional. Queremos a nossa cidadania em prisma elevado. Queremos o nosso salário advindo do trabalho valorizado.
     Voto secreto. Voto declarado. Voto por voto computado. Voto por voto ampliado em insatisfação. Voto por voto sem remendo, sem enganação e sem costura. Voto por voto confiante na lisura. Voto por voto na mais pura fonte do direito e do dever. Voto por voto pela obrigação de eleger. Voto livre. Voto universal. Voto informatizado. Voto consolidado em ideal. Voto do interior. Voto da capital. Voto do sertão. Voto do litoral. Voto brasileiro. Voto maioral. Voto minoria. Voto primordial. Voto sem freguesia. Voto com valia. Voto validado aquém de uma periferia.
     Nessa estrada, mais de uma bifurcação. Nessa jornada, vale o título em nossa mão. Estejamos atentos, vigilantes e isentos de qualquer enganação. Uma vez confirmado, o leite já estará derramado. Lavemos as nossas xícaras mesmo que com as asas quebradas. Coloquemos os nossos pires diante das urnas por apurar. Não vamos fazer de conta. Vamos bradar em votos certeiros. Vamos demonstrar que somos brasileiros. Vamos vencer ou seremos combalidos pelos mesmos atos costumeiros. Façamos valer a nossa representação. Vamos confirmar a nossa convicção. Vamos consagrar muito mais do que uma presidência da República movida pela inovação. Feliz votação! Até a vitória sem nenhuma influência publicada em pesquisa de opinião.
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Brasil: Há solução!

    Uma causa política. Uma dívida pública. Uma carência social. Um patrimônio ambiental. Um pleito eleitoral. Uma disputa acirrada. Uma corrupção delatada. Um Palácio. Uma Alvorada. Uma bolsa. Um bolsão. Uma miséria. Uma população. Um circo sem lona. Uma mesa sem pão. Um ensino sem educação. Uma saúde sem prevenção. Uma vítima fatal. Uma insegurança banal.
    Um boletim de ocorrência policial. Uma investigação criminal. Um indiciado em tempo real. Um devido processo legal. Uma acusação. Uma defesa. Um tribunal. Um julgamento. Uma sentença. Uma prisão. Um presídio. Um presidiário. Uma ocupação. Uma obrigação. Um salário. Um direito. Um dever. Uma agenda. Uma arrecadação. Um plano. Um diário. Uma realização.
    Uma economia. Um País. Uma Democracia. Uma Constituição. Uma cidadania. Uma União. Uma liberdade. Uma igualdade. Um distrito. Um município. Uma cidade. Um estado. Uma região. Um litoral. Um sertão. Um planalto. Uma planície. Um campo cultivado. Um pólo industrial. Uma integração nacional. Uma rodovia duplicada. Uma ferrovia ampliada. Um porto fluvial. Um Congresso Nacional.
    Uma reserva mineral. Um extrativismo vegetal. Um crescimento sustentado. Um meio ambiente equilibrado. Uma paisagem natural. Uma Pátria continental. Um perímetro urbano. Um assentamento rural. Uma escola. Um hospital. Um ofício. Uma profissão. Uma infância. Uma juventude. Uma melhor idade. Uma aposentadoria. Uma dignidade.
    Uma verdade. Uma contradição. Uma calamidade. Uma improbidade. Uma reeleição. Uma baderna. Uma perna. Um pé de meia. Um braço. Uma mão. Uma boca. Um bocado. Uma toca. Um toco. Um trocado. Um canto de sereia. Um tucano em nada alado. Uma toga. Um togado. Um tribunal. Um tabuleiro. Uma ribalta em nada teatral. Um bueiro institucional.
    Um palito de fósforo riscado. Um isqueiro esvaziado. Um fogo alastrado. Uma labareda em chama ardente. Um incêndio inconseqüente. Um clima alterado. Um ecossistema ameaçado. Uma legislação indiferente. Um legislador ausente. Uma fauna em fuga. Uma flora acuada. Uma vereda sem água. Uma cacimba esgotada. Uma usina desligada. Uma torneira sem função. Uma chuva estimada para o próximo Verão. Uma sequidão. Um séquito. Um sultão. Um marajá. Um elefante em nada indiano. Uma casta real. Um castelo de cristal. Um mantra ocidental.
    Uma goleada inesperada. Uma tabela modificada. Uma onda. Uma enseada. Tem futebol? Tem sim senhor! Tem carnaval? Tem sim senhora! Tem cravo ferido? Tem rosa despetalada? Tem Noel! Tem Cartola! Tem Jamelão! Tem samba! Tem canção! Tem melodia! Tem compositor da cidadania. Tem intérprete da democracia! Tem Constituição promulgada! Tem pátria mãe nem sempre gentil. Tem pátria idolatrada em cantos mil. Tem Pátria Amada Brasil!
       Quem vem lá? Quem vai embora? Quando será banida a corrupção? “Esperar não é saber. Quem sabe faz a hora não espera acontecer”. Mesmo depois do governo atual, para o Brasil há solução! Vamos acertar ao escolher. Vamos ser vigilantes e vencedores. Vamos juntos conjugar o verbo solucionar. Vamos crescer, vamos prosperar. A hora é agora. Vamos somar para multiplicar. Vamos equacionar valores. Vamos dirimir penhores. Vamos eleger a novel presidente, os fiéis governantes e os ilibados legisladores.
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com


Cáceres-MT: Futuro embrulhado para presente

     Papel metalizado. Laço de fita acetinado. Mimo embalado. Lembrança de um reduto eleitoral ignorado. Caixa de papelão reciclado. Vila em passado ilustrado. Marco histórico assentado. Município estagnado. Fronteira internacional. Porto do Pantanal. Meandro abandonado da Floresta Tropical. Cáceres terra natal. Cáceres, paisagem natural. Cáceres, poesia regional. Cáceres, parlamento estadual. Cáceres, diocese cristã. Cáceres conquista cidadã.
     Festa da democracia popular. Motivos para comemorar. Convidados e penetras diante do verbo legislar. Fome continuada de poder. Nome e sobrenome do dever. Famintos e saciados. Eleitos e empossados. Eleitores deveras empenhados. Clamores institucionais irmanados. Indicadores ambientais observados. Núcleos educacionais ampliados. Patrimônios históricos tombados. Uma cidade hospitaleira. Uma região mato-grossense. Uma terra brasileira. Uma classe social mais do que determinante. Um postulado político deveras representante.
     Bandeiras tremulantes. Cadeiras disputadas. Causas públicas postergadas. Vidas relegadas. Mais de uma Praça. Mais de um pracinha. A mesma valorosa e vigilante Marinha. O mesmo Batalhão. O mesmo GEFRON. A mesma ponte de um Progresso ampliado. O mesmo Oeste alijado do desenvolvimento dito sustentado. O mesmo povo esquecido. A mesma migalha de pão amanhecido. A mesma Ordem constitucional. Outras promessas esquecidas pelo governo estadual. Outros reclames emergenciais ecoados no Congresso Nacional.
     Oh, Cáceres do tempo passado glorioso e valente. Oh, Cáceres do tempo presente decadente. Oh, Cáceres do tempo futuro emergente. Oh, Cáceres de geração em geração. Oh, Cáceres de mão em mão. Oh, Cáceres de boca em boca. Oh, Cáceres de mazela em mazela. Oh, Cáceres em eterna sentinela. Oh, Cáceres em perpétuo Pavilhão. Oh, Cáceres em bis e refrão. Oh, Cáceres em verso que se faz melodia. Oh, Cáceres no reverso da Democracia. Oh, Cáceres nos lamentos de uma cidadania. Oh, Cáceres da liberdade nunca tardia. Oh, Cáceres da igualdade na Ordem do Dia.
      Cáceres princesinha do tempo imperial. Por ti, uma poesia advinda da inspiração casual. De ti, a nossa genealogia perpetuada em pia batismal. Contigo a nossa cantoria mais do que musical. Conosco o seu Hino, a sua Bandeira e o seu Brasão Municipal. Nesta eleição, transferimos o nosso título para a Capital. Todavia, na urna confirmaremos convictos por sua redenção política, econômica e social. Não migramos por deserção. Não fazemos rimas por distração. Queremos, por direito, por dever e por obrigação a sua inserção neste Estado federado. Estaremos sempre de prontidão por sua redenção antes, durante e depois de um pleito eleitoral informatizado. Continuamos seu filho aquém de um voto confirmado.
      No mais, Grande Cáceres, feliz aniversário em versos antecipados. No dia 6 de outubro, os nossos votos comemorados: Adriano Silva e Túlio Fontes, eleitos e futuramente empossados. Assim será! Com as bênçãos do Padroeiro São Luis, a nossa Cáceres das cinzas ressurgirá! Cuiabá-MT, 26 de setembro de 2014. Airton dos Reis Júnior, que assina Airton Reis.

Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com
LAURISTELA GUIMARÃES – ACRÓSTICO

Leitura em páginas ilustradas.
Amplitudes retratadas.
Universalidades.
Retratos paisagísticos.
Interior e Capital.
Sublimidade jornalística.
Tempo e espaço cidadão.
Emanação do verbo conservar.
Leste, Oeste, Norte e Sul.
Ampulheta do planeta azul.

Glossário da vida silvestre.
Unidade e pluralidade existencial.
Itinerário turístico catalogado.
Maravilhas de um Estado federado.
Antologia magistral.
Recantos verdejantes.
Alvoradas e poentes.
Estrela matinal: Revista Camalote, manancial...
Sinergia global: Mato Grosso, ambiente natural.
Poeta Airton Reis.

Cuiabá-MT, 23 de setembro de 2014.
Ideia sem acento

     A nova ortografia da língua portuguesa nem sempre é conhecida ou observada. A palavra colmeia não é mais acentuada. O mesmo acontecendo com a geleia de cunho natural. Regra a nós repassada em correção fraternal. Mas, o que podemos considerar oportuno diante de um período eleitoral? Será que saberemos eleger postulantes com a devida e com a precisa observância mais do que gramatical?
    Aonde o compromisso constitucional? Até quando o padecimento em lastro institucional? O social é um princípio político? A reeleição é uma causa partidária? A mudança advinda das urnas será temporária? A violência será imaginária? A corrupção é onda ou é enseada? A Casa é do Povo ou de uma classe capitalizada? O Palácio é de cristal ou de uma tribo outrora catequizada? Laranjeira é pé de laranja? Com quantos quilogramas de galinha se faz uma canja?
     Perguntas de respostas nem sempre evidentes ou mesmo imediatas.  Presidente ou “presidenta”? Vício de linguagem ou exceção? Faixa ou gesso da embromação? Cantoria da cigarra ou dona baratinha em plena hibernação? Pátria, País ou invenção republicana? Casca de abacaxi ou casca de banana? Frutaria francesa ou perfumaria em nada franciscana? Mel ou melado de cana caiana? Reputação ilibada ou má fama? Comédia (com ou sem acentuação?) ou dramalhão? Realidade ou ficção? Improbidade ou invenção? Carne assada ou churrascada numa mesma degustação?
     Responda você eleitor igualmente inconformado em mais de uma zona eleitoral. Responda você leitor de opinião publicada além da mídia virtual. Respondemos nós poetas articulistas em mais de um jornal circulante além desta Capital. Ah! Cuiabá! Oh Mato Grosso! Tanto concreto em tamanho alvoroço. Muita carne, pouco osso. Muitos grãos, tamanhas clareiras. Novas entradas, antigas bandeiras. Bandalheiras em bis e em refrão. Desrespeito mais do que cidadão. Verde desbotado. Lavanderia sem sabão. Enquanto isso, muita faca e pouco queijo parmesão.
     A goiabada continua sendo feita de marmelo. O prego jamais será sinônimo de martelo. O parafuso permanece sem rosca. A chave de fenda desapareceu num passe nem tão mágico assim. A moto serra continua ligada aquém de um jardim. Todo começo nem sempre tem um meio ou um fim. A cada tropeço, uma fortaleza de marfim. Lâmpada apagada. Lenda de Aladim. Tapete voador. Gênio nem tão genial. Gerúndio em tempo verbal. Casualidade mais do que mensal. Liberdade atrofiada em plena era digital.
      Afinal, em cada voto uma expectativa deveras fundamental. Afinal, em cada palavra a devida concordância nem sempre nominal. Do Mato Grosso, ou, de Mato Grosso você é natural? Para o Brasil ou para a classe empresarial? Para a educação ou para o ensino em tempo integral? Para a saúde ou para a prestação do plano assistencial?
     Continuamos em escrita publicada. A nossa palavra é a resultante de uma rima em mais de uma quadra. Enquanto isso, mais de uma quadrilha continua articulada. Enquanto isso, pedra de funda nem sempre é pelota de argila amassada. Enquanto isso, a eleição tem mais do que uma data oficialmente agendada. Oh! Pátria deveras idolatrada! Salve-nos do estouro da mesma manada. Livrai-nos da classe política mais do que mal intencionada. Abrigai-nos perante os mesmos capítulos de uma Constituição Federal mais do que promulgada. Antes, durante e depois de qualquer votação confirmada. Nesta ideia sem acento, e, em toda e qualquer urna apurada.
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com