sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Caras e Coroas

Caras e Coroas

      Fogo de Vesta apagado. Honestidade em funeral anunciado. Pureza em fonte intermitente. Povo indigente. Povo relegado. Povo consultado. Povo consultoria. Povo democracia. Poder em nado romano. Poder mais do que palaciano. Poder republicano em mais de um rincão. Poder equação. Poder emanado. Poder elencado. Poder direito. Poder dever. Poder obrigação. Poder mobilidade. Poder legislativo. Poder governamental. Poder presidencial.
     Em que casta a vestal? Em que pasta a corrupção institucional? Quando o basta na violência banalizada em mais de uma ocorrência policial? Aonde o arrasta em nada pontual? Quando o próximo arrastão além de um litoral? Aonde o morro pacificado em tempo real? Quem assaltou o cardeal? Quem arrombou a diocese cristã? Quem lesou a família cidadã? Quem lucra com a improbidade nem sempre delatada? Quem ama a pátria dilapidada?
     Responde oh urna apurada! Fala oh voto da casta desgovernada! Não somos castores. Não somos rebanhos sem pastoreios e sem pastores. Não somos manadas. Não somos aves aladas. Não somos presas. Não somos predadores. Não somos impostores. Não somos inconfidentes. Não somos diferentes. Não estamos contentes. Não estamos satisfeitos. Não queremos apenas eleitos e empossados. Seremos sim responsabilizados pela escolha da maioria. Faremos sim a diferença confirmada em nome da vetusta democracia.
     Conto sem trono e sem manto. Contador sem reino e sem império. Parlamento sem qualquer príncipe regente transladado em cemitério. República sem o impropério dos vetos presidenciais recentes. Eleitores sem o critério dos legisladores dormentes. Cidadãos de olhos abertos. Cidadãs de bocas escancaradas. Postulantes de mãos limpas. Vitória das fichas alvejadas. Crianças matriculadas. Vidas dignificadas.
     Caras desmascaradas. Caras pálidas. Caras pintadas. Caras numeradas. Caras numerosas. Caras em versos. Caras em prosas. Caras retocadas. Caras fechadas. Caras miscigenadas. Caras debochadas. Caras zangadas. Caras feridas. Caras despetaladas. Caras combatentes. Caras indiferentes. Caras sorridentes. Caras expostas. Caras ocultas. Caras procuradas. Caras violentadas. Caras suadas. Caras ensangüentadas. Caras lacrimejadas. Caras da casta. Caras da vestal. É singular ou será plural?
     E as coroas, serão herança de Portugal? Caras e coroas. Cuidado com o resultado final. Afinal, será que todos sabem com quantas espigas de milho verde se faz uma pamonha assada? Afinal, será fato que uma moeda foi encontrada no papo do pato sem tucupi? Afinal, será que todo brasileiro gosta de arroz com pequi? Pousa sabiá. Voa bem-te-vi. Canta canário da terra outrora tupi-guarani. Vamos ali votar. Voltamos já para comemorar. De caras lavadas e com as coroas destronadas. Até segunda!
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com


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