terça-feira, 29 de outubro de 2013

Livro: Vivas!

Livro: Vivas!



     29 de outubro: Dia Nacional do Livro em mais de uma autoria. Parágrafo da informação. Hora da página virada pela liberdade de expressão. Minuto das margens digitadas à luz da razão. Segundo das palavras publicadas em opinião. Ciência, cultura, conhecimento e saber. Cartas Magnas, Códigos, artigos, direito e dever.
     Receitas do bem viver. Diário aberto em renovado florescer. Dramas em parnasos por vezes aristocráticos. Comédias em picadeiros continuamente armados sobre as mesmas lonas institucionais. Romances extraconjugais. Traições ocasionais. Rituais. Rebeliões. Revoluções. Reformas. Regimentos. Regulamentos. Palácios. Tribunas. Parlamentos. Tratados. Acordos. Estabelecimentos. Mandamentos. Ordenamentos.
     Inventores e inventos. Templos e templários. Corsários e legionários. Escribas e escrivaninhas. Escritores consagrados. Escrivães juramentados. Doutores e Mestres letrados. Professores dedicados. Alunos e alunas sempre bem acompanhados. Estudos continuados. Horizontes ampliados.
     Seis mil anos de memória alfabetizada em linguagens nem sempre traduzidas. Bibliotecas erguidas e demolidas. Bibliotecas vazias e visitadas. Bibliotecas informatizadas. Bibliotecas públicas. Bibliotecas privadas. Bibliotecas ilustres e ilustradas. Bibliotecas prometidas em palanques eleitorais. Bibliotecas em novas aquisições editoriais.
     Seis mil anos de história registrada em grafias. Barro, casca, folha, pedra, papiro, celulose, papel. Impressão em prensa. Capa e contra capa. Apresentação. Prefácio. Sumário. Introdução. Princípio. Meio. Fim. Conclusões. Interrogações:
     Quem lê um livro por ano? Quem lê um livro por mês? Quem lê um livro por dia? Quem escreve o livro da vida humana? Quem resenha o livro da pátria proclamada republicana? Quem abre o livro da Escritura Sagrada? Quem folheia o livro da família evangelizada? Quem acredita que ler é frutificação continuada? Nós cremos, nós leremos! Livro: Vivas!

Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. 




  

Lá vem o vagão...

Lá vem o vagão...

     Prorrogação anunciada. Locomoção adiada. Mobilidade urbana inacabada. Obra parcialmente inaugurada. Fumaça apagada. Hora marcada. Minuto da torcida organizada. Segundo da copa secretariada. Ponteiros da bolada. Arquibancada da cadeira cromada. Arena cronometrada. Hora do milhão institucional. Minuto do apito inicial. Segundo da copa mundial.
    Lá vem o público pagante. Lá vem o turista internacional. Lá vem a alavanca comercial. Lá vem a hotelaria ampliada. Lá vem a via pública arborizada. Lá vem a calçada recuperada. Lá vem o vagão em trilho desconcertante. Lá vem o vagão em rota parcial.
    Lá vem o vagão eleitoreiro. Lá vem o vagão eleitoral. Lá vem o vagão importado. Lá vem o vagão na alameda iluminada. Lá vem o vagão na avenida congestionada. Lá vem o vagão na partida sem chegada. Lá vem o vagão lotado de marmelo e de mamão. Lá vem o vagão enlatado com a marmelada da corrupção.
    Travessia e travessão. Margem capitulada. Desapropriação. Intervenção autorizada. Paisagem urbana modificada. Máquinas em operação. Escavação. Trincheira. Elevação. Ponte. Duplicação. Realização pública. Compromisso governamental. Responsabilidade partilhada. Parceria privada. Espaço municipal. Modernidade em vanguarda nacional. Cuiabá capital. Lá vem o vagão lotado de vento sem maresia. Lá vem o vagão enlatado de ventania.
    Quem prometeu? Quem cumpriu? Quem avistou? Quem embarcou? Quem construiu? Quem desfrutou? Quem perdeu? Quem ganhou? Quem ampliou? Quem reduziu? Quem bancou? Quem transportou? Quem licitou?
    Lá vem o vagão em variante descompassada aqui e acolá. Lá vem o vagão sobre os trilhos traçados além da quase tricentenária Cuiabá. Lá vem o vagão... Um veículo dito leve muito em breve vai apitar. Lá vem o vagão... Um transporte da massa fermentada em recipiente popular. Quem vai operar? Lá vem o vagão... Quando será? Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


     

Os bichos da vez...

Os bichos da vez...

      Está não é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas, fatos ou direitos afrontados, não é mera coincidência. É clamor de justiça: Justiça em jogo. Tribunal do júri escalado. Avestruz depenado. Águia do bico serrado. Burro da carga pesada. Borboleta da asa quebrada. Cachorro sem coleira. Cabra pesteada. Carneiro tosado. Camelo ocidental. Cobra criada em território nacional. Coelho afortunado. Cavalo peado. Elefante em nada africano. Galo indiano. Gato escaldado. Jacaré no banhado. Leão de circo. Macaco fazendo mico. Porco pururuca. Pavão arredio. Peru em véspera de natal. Touro malhado. Tigre camuflado. Urso infiltrado. Veado do chifre quebrado. Vaca do bezerro desmamado.
       Apostas abertas. Opiniões declaradas. Instâncias jurídicas observadas. Defesa e acusação. Testemunhas da mesma operação. Assassinatos em seriados sem qualquer censura. Lisura questionada. Liberdade de expressão ameaçada. Liberdade de imprensa a sete palmos de uma mesma sepultura. Jazigo da lei. Terra dos tormentos. Malfeitores em pavimentos ensangüentados. Executores condenados. Mandante em julgado.
      Crime organizado. Crime denunciado. Crime combatido. Crime corriqueiro. Crime cruel. Crime brutal. Crime covarde. Crime sorrateiro. Crime cinzeiro. Crime brasa. Crime braseiro. Crime chama. Crime labareda. Crime fogareiro. Crime forno. Crime fogão. Crime panela de pressão. Crime frigideira. Crime mamadeira da corrupção. Crime fronteira republicana. Crime em ocorrência cuiabana. Crime casca da mesma banana. Crime fruto da mesma vingança insana.
      Sávio sabia mais do que qualquer sábia, até então livre para voar. Sávio fazia mais do que qualquer barulho, até então orquestrado por sopranos de par em par. Sávio perdeu a vida e ganhou a imortalidade. Sávio plantou a denúncia para que fosse colhida a materialidade. Sávio contou a verdade e censurou o descalabro mais do que institucional. Sávio primou pela ética revestida da mais solene moral. Sávio foi vitimado em acerto de contas sem ponto final...
      Os bichos da vez diante das mesmas grades de uma prisão. Os bichos da vez diante da mesma atividade criminosa em questão. Os bichos da vez na contra mão da história jurídica de uma nação republicana.  Os bichos da vez, aqui e acolá, devidamente punidos sem pestanejar. Os bichos da vez, condenados pelo mesmo olhar. Os bichos da vez, aprisionados – em segurança máxima, para não mais “mandar” assassinar. Os bichos da vez, sem arca de Noé para embarcar. Os bichos da vez, sentenciados pelas atrocidades cometidas em mais de uma ocasião corriqueira. Os bichos da vez, banidos da convivência social na pátria brasileira.
      Uma folha ao vento... Um fruto maturado... Um crime bárbaro neste estado federado. Um bicheiro destronado. Um jornalista destemido. Um empresário assassinado. Um arcanjo decaído. Um cidadão executado. Um veredicto em breve anunciado: Culpado!
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


Justa partilha; perfeita produção! AIRTON REIS*

Justa partilha; perfeita produção!
AIRTON REIS*


      Os poços de um visconde aquém de um sabugo de milho falante. Os poços de um combustível aquém dos domínios de uma plataforma perfurante. Os poços de um bem natural aquém e além de uma reserva legal. Os poços de uma discórdia gananciosa chamada pré-sal. Nacionalidades e concessões questionadas. Milhas alteradas. Camadas exploradas.
      Justa partilha sem qualquer predileção. Perfeita produção sem qualquer favorecimento. Justa partilha além de um parlamento equivocado. Perfeita produção distribuída entre todo e qualquer município e entre todo e qualquer Estado Federado.

      Royalties mais do que contestados juridicamente. Vetos de uma presidente. Vetores de uma sociedade civil organizada. Vértices edificantes de uma mesma alvorada. Passeatas e movimentos em disputa mais do que acirrada. Opinião pública publicada. Brasileiros e brasileiros herdeiros no mesmo testamento da pátria legalmente codificada. Proporção distribuída deveras equilibrada.

      Dividendos públicos e dívidas sociais numa mesma conta reprovada. Igualdade simulada em cota de efeito mais do que tardio. Igualdade distanciada em mais de um desvio. Igualdade trocada em miúdos triturados. Igualdade ignorada em parlamentos saturados. Igualdade mumificada em templos saqueados. Igualdade em passo de gigante sem qualquer demagogia. Igualdade em compasso ampliado pela democracia. Igualdade em esquadria.

      Levante econômico em colunas irmanadas. Riquezas asseguradas por uma mesma égide constitucional. Brasil antes e depois de um império colonial. Brasil antes e depois de uma divisão territorial. Brasil antes e depois de um mesmo mar continental. Brasil antes e depois de Monteiro Lobato em previsão mais do que real. Brasil do agora e do imediato. Brasil acima de qualquer contrato passageiro. Brasil do mesmo lábaro iluminado além do Cruzeiro. Brasil por inteiro. Brasil da ordem legal. Brasil do progresso nacional. Brasil antes e depois do pré-sal. 

      Prosperidade ao povo brasileiro. Dignidade ao povo além das migalhas esmoladas pelo pão de cada dia. Soberania ao povo na ordem do dia. Vida longa ao petróleo brasileiro em toda e qualquer baía. 

      Justa partilha; perfeita produção! Enquanto isso, que todos nós brasileiros almejemos o fim de qualquer regalia. Enquanto isso, que todos nós brasileiros compartilhemos da verdadeira cidadania. Enquanto isso, que todos nós brasileiros desfrutemos além dos versos sem rima advindos de cada refinaria.
(*) Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. Crônica classificada no “Concurso Nacional Novos Poetas”, integrante da Antologia “Poesia Livre”, 2013, Vivara Editora, São Paulo-SP.



segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Poetas dias e noites...

Poetas dias e noites...
      Luz solar. Seiva literária. Raiz secular. Folhas ao vento. Flores polinizadas. Frutos pendentes. Versos por germinar. Sonetos para musicar. Poemas maturados. Livros publicados. Poesias guardadas. Auroras e madrugadas. Palavras iluminadas. Frases em orações. Sujeitos em predicados. Verbos conjugados. Adjetivos apropriados. Substantivos e pronomes. Voz ativa. Voz passiva. Voz reflexiva. Objeto direto. Regência e concordância.
      Páginas encadernadas. Páginas folhetim. Páginas sentimento. Páginas emoção. Páginas partituras. Páginas canção. Páginas melodia. Páginas declaração de amor. Páginas pensamento pacificador. Páginas encontros marcados. Páginas recursos naturais conservados. Páginas da Floresta Tropical. Páginas do Pantanal. Páginas do Cerrado do Brasil central. Páginas do Araguaia mais do que fluvial. Páginas da Caatinga de um mesmo sertão. Páginas dos pampas mais do que cavalgados. Páginas dos centros urbanos congestionados.
      Poetas dias e noites numa mesma rotação. Poetas dias e noites em paralelos unificados. Poetas dias e noites em continentes irmanados. Poetas dias e noites em fazer cultural. Poetas dias e noites aquém de um sarau. Poetas dias e noites de mel e de sal. Poetas dias e noites de solidão e de companhia. Poetas dias e noites de opressão e de democracia. Poetas dias e noites de guerrilhas e de guerras. Poetas dias e noites de carências e de mazelas. Poetas dias e noites das mansões e das favelas.
      Poetas dias e noites nas equações de igualdade. Poetas dias e noites nas frações de liberdade. Poetas dias e noites nas petições pelo justo e pelo perfeito. Poetas dias e noites na cadência de um mesmo peito. Poetas dias e noites com e sem luar no céu estrelado. Poetas dias e noites com e sem o tempo nublado. Poetas dias e noites com e sem o circo armado. Poetas dias e noites com e sem o pão compartilhado.
      Somos poetas sim senhor e sim senhora! Somos poetas nesta e em qualquer hora. Somos poetas aquém da moda de qualquer viola. Assim nascemos para poetizar... Assim as rimas nos nutrem em cada despertar...    
   - Hoje é o nosso dia. Hoje é a nossa noite. Viva o nosso dom. Viva a nossa literatura em bis e refrão!
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com



Adeus deputado!

Adeus deputado!

    Homero Pereira diante da eternidade proclamada na Escritura Sagrada. Homero Pereira chamado e escolhido diante da bem aventurada representatividade política e social. Homero Pereira em desenlace espiritual. Homero Pereira deputado estadual e federal de um estado eminentemente agrícola por natureza.
    Homero Pereira fortaleza resistente da democracia. Homero Pereira fonte inesgotável da cidadania. Homero Pereira da vida pública ilibada. Homero Pereira da atividade parlamentar dignificada pelo ato de legislar. Homero Pereira em novo lar. Homero Pereira em novo despertar. Homero Pereira na plenitude da paz prometida aos que conjugam o verbo amar...
    Hora da despedida irmanada em saudade. Minuto das condolências endereçadas a mais de uma cidade mato-grossense. Segundo do conforto espiritual estendido aos seus familiares. Hora da Bandeira do Estado de Mato Grosso a meio mastro. Minuto da fênix renascida além de um Brasão institucional. Segundo da melodia celestial.
    Versos formatados em prece e em oração. Versos ampliados em reconhecimento e em gratidão. Versos compassados na amizade verdadeira. Versos sem fronteira. Versos alados. Versos digitados. Versos virtuais. Versos em obituários dos jornais. Versos cunhados em sentimento cristão ampliado. Versos para quem fez do trigo o pão compartilhado.
    Vai deputado Homero Pereira, vai! Prossiga com a certeza da probidade praticada além da vida pública que o enalteceu em deveres cumpridos, em direitos correspondidos e principalmente em obrigações observadas. Doravante, outros caminhos, outras jornadas. Doravante, as constelações iluminadas. Doravante, a Casa do Pai por acolhimento. Doravante, a Morada do manso e do pacificador. Doravante, a Primavera no Jardim do Criador.
    Lá, o agricultor Homero continuará em sua missão... Lá, o deputado Homero Pereira permanecerá sinônimo de representação... Lá, o amigo Homero Alves Pereira prosseguirá em sua evolução. Ide em direção à paz!
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


É na escola...

É na escola...
     “É na escola que se aprende, se discute, se constrói os direitos de todas as gerações que para serem eficientes precisam interligar os valores dos quais são oriundos através de uma teia de convivência social real e não apenas formal nos códigos dos países onde vigora o sistema da Civil Law”. (Marcos Relvas – “Tolerância: O valor da Paz”).
       É na escola que surgirá o raiar de um novo tempo cronometrado pelo saber universal. É na escola que a humanidade dará os primeiros passos rumo ao mundo ideal. É na escola que a família será ampliada em convivência fraternal. É na escola que o ensino e a pesquisa se estendem além da educação fundamental.
      Escola de pensadores. Escola de construtores. Escola de doutores. Escola de senhoras. Escola de senhores. Escola de todos os continentes. Escola de todas as nações. Escola de todas as crenças. Escola de todas as religiões. Escola de todas as idades. Escola de todos os ofícios. Escola de todas as profissões. Escola dos talentos multiplicados. Escola dos dons revelados. Escola das alunas e dos alunos matriculados.
      Professores e mestres. Pedagogia e educação. Ensino e orientação. Formação e direção. Direitos e deveres elencados. Obrigações efetivadas. Diligencias e delegações. Organismos e instituições. Conhecimento e cultura. Ciência e arte. Napoleão além de Bonaparte. Maria depois da Antonieta. Firmamento e luneta. Estrelas e constelações. Astros e cometas incandescentes. Órbita e orbital. Ordem regimental. Progresso intelectual.
      É na escola o descobrimento. É na escola o invento. É na escola a estação. É na escola o trilho. É na escola o vagão. É na escola a ligação. É na escola o caminho. É na escola a jornada. É na escola a palavra. É na escola a cartilha. É na escola a letra. É na escola a alfabetização. É na escola o livro. É na escola a apostila. É na escola a biblioteca. É na escola o computador. É na escola o princípio do ensino. É na escola a valorização da pesquisa. É na escola o legado da educação.
      E o que assistimos aquém da tela da televisão? Violência continuada ou intolerância generalizada em ação? Realidade sem qualquer ficção...
   É na escola que cultivamos a nossa esperança de paz compartilhada em cada alvorecer, por toda e qualquer nação. É na escola que renovamos a certeza do valor contido e incontido em cada saber, por toda e qualquer lição. É na escola que desbastamos as arestas pontiagudas movidos pela busca continuada da justiça e da perfeição.
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


Males do mesmo bem

Males do mesmo bem

      Males de uma causa mais do que emergencial. Males de uma infância aliciada pelo mundo marginal. Males de uma pátria retratados em mais de uma manchete de jornal. Males de uma família ignorados pelo poder central. Males de uma humanidade perpetuados além de um boletim de ocorrência policial.
      Bem viver. Bem estar. Bem educar. Bem orientar. Bem corrigir. Bem conduzir. Bem governar. Bem legislar. Bem julgar. Bem absolver. Bem condenar. Bem punir. Bens interligados numa mesma conexão mais do que virtual. Bens elencados numa mesma Constituição Federal. Bens ameaçados em tempo real. Bens vitimados pelo mesmo Código Penal.
      Sociedade dos pedintes de paz urbana e rural. Sociedade dos agravantes mais do que políticos ou quiçá social. Sociedade da maioridade penal estacionada no Congresso Nacional. Sociedade do Estatuto sem qualquer respaldo institucional. Sociedade da delinqüência militar e civil. Sociedade da falência estudantil. Sociedade da pátria republicana chamada Brasil.
      Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Quantos desenganos? Aonde os planos? Quando as reformas políticas? Quais as urgências sociais? Por que os delinqüentes joviais? Quem são as vítimas fatais? Programas de televisão, redes virtuais, revistas ou jornais? Índices ou reincidências factuais? Fatalidades ou fragilidades legais? Realidades ou falácias existenciais?
      Escolaridade avançada ou marginalidade galopante? Precariedade comprovada ou barbaridade sem qualquer atenuante? Males de um mesmo bem agonizante. Males de um mesmo bem alvejado em tiro certeiro. Males de um mesmo bem depredado além de um banheiro. Males de um mesmo bem ignorado por inteiro.
      “Casa de ferreiro, espeto de pau”. Casa da democracia erguida sob o mesmo lamaçal. Casa da encosta atingida por mais de um vendaval. Casa da vizinhança envolta em calamidade mais do que ocasional. Casa do povo em mais de uma cidade nem sempre populosa. Ninho do ovo da mesma serpente mais do que venenosa... Verso sem prosa... Mar sem rosa... FIM!
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Vinicius vive!

Vinicius vive!


   Sonoridade e melodia. Partitura e violão. Samba canção. Maestria musical. Inovação temporal. Brasil continental. Rio de Janeiro berço natal. Poeta modernista vocacional. Jornalista aplicado. Diplomata reconhecido. Dramaturgo atuante. Poeta e compositor polido e lapidado em diamante. Amante nato. Fonte e regato. Remanso e corredeira. Cristal transparente. Lirismo presente. Homem. Gente! Centenário de nascimento reluzente...

   Vinicius vive além de um soneto no raiar da Bossa Nova. Vinicius vive em verso e em prosa. Vinicius vive em parceria harmoniosa. Vinicius vive com Toquinho e Tom Jobim. Vinicius vive com Badel Powell e João Gilberto. Vinicius vive em mar aberto. Vinicius vive em litoral avistado. Vinicius vive concebido sem pecado. Vinicius vive em imagem e semelhança mais do que cultural. Vinicius vive no Centro Oeste do Brasil Central...
   Filho de pianista e violinista amadores. Cantor de corais. Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais. Letrista popular. “Orfeu da Conceição”. Poetinha e conquistador. Nove casamentos e o mesmo amor. Gavião da Gávea. “Chega de saudade”. “Eu sei que vou te amar”. “A Felicidade”. “Garota de Ipanema”. “Sob o Trópico de Câncer”: “Tarde em Itapoã”, “A Tonga da Mironga do Kabuletê”...
   Vinicius vive: “Se todos fossem iguais a você”. (“Que maravilha viver!”). Vinicius vive: “Só danço samba”. “Das rosas”, o perfume perpetuado em mais de um alvorecer. “Como dizia o poeta”: “Regra três”, “Tudo na Santa Paz”. “Onde Anda Você”. “Arca de Noé”, quem nem inglês vê. Sonetos, poemas e baladas. Vinicius vive em páginas desfolhadas. Vinicius vive: “Ai dos homens que matam a morte por medo da vida perecer”. Vinicius vive no “Caminho da distância”, percorrida e cronometrada pelo verbo ser...
“Quero ir-me embora pra estrela/ Que vi luzindo no céu/ Na várzea do setestrelo. /Sairei de casa à tarde/ Na hora crepuscular/ Em minha rua deserta /Nem uma janela aberta/ Ninguém para me espiar// De vivo verei apenas/ Duas mulheres serenas /Me acenando devagar. /Será meu corpo sozinho /Que há de me acompanhar/ Que a alma estará vagando/ Entre os amigos, num bar”... Vinicius de Moraes – “A partida”).
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


“La belle et la bête féroce”

“La belle et la bête féroce”

     A bela e a fera em mais de uma tradução. A bela e a fera aquém de uma ficção. A bela e a fera numa mesma equação distanciada da igualdade. A bela desprotegida, a fera ferocidade. A bela adormecida, a fera acordada. A bela atacada, a fera armada. A bela ferida, a fera enfezada. A bela assassinada, a fera fugitiva. A bela sepultada, a fera mais do que viva.
     A bela na casa de ferreiro, a fera no fim da picada. A bela despetalada, a fera brutalizada. A bela abusada, a fera fornicação. A bela violada, a fera submissão. A bela esfaqueada, a fera covardia em ação. A bela ensangüentada, a fera com a faca na mão. A bela despida, a fera longe da prisão. A bela sem primavera, a fera em continuado verão. A bela mulher brasileira diante da mesma dor, a fera masculina enquadrada como simples agressor.
    Cabaré francês repaginado de uma mesma clientela. Capitulo interminável de novela. Reprise e seriado. Fim de noite. Feriado. Crime anunciado. Ocorrência policial. Manchete de jornal. Circunstância sexual. Morena, alta, sensual. Carro importado, etc. e tal. Preço promocional. Programa marcado. Motel escolhido. Pagamento efetuado. Tiro disparado. Corpo abatido. Corpo tombado. Corpo assassinado. Corpo em putrefação.
     Não só a prostituta é a bela vitimada em cada madrugada. Não só a dona do lar é a bela de uma família desajustada. Nem só a Maria é destratada. Nem só a Maria é abusada sexualmente. Nem só a Maria é dominada pelo valente. Nem só a Maria perdeu mais de um dente. Mais de uma Maria levou mais do que um safanão. Mais de uma Maria vive no mesmo mundo cão. Mais de uma Maria foi eleitora numa mesma eleição. Mais de uma Maria permanece sem representação.
      Quem foi com as outras e nunca mais voltou? Quem dormiu de toca e nunca mais acordou? Quem escreve, imagina. Quem lê, raciocina. E quem mata? E quem morre? E quem salva? E quem socorre? Quem correu? Quem ficou? Quem bradou? Quem se calou? Franceses? D’où venez-vous?
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


A classe, a ordem, a família...

A classe, a ordem, a família...

      Reino animal. Filo cultural. Classe gramatical. Ordem objetiva. Família substantiva. Gênero humano. Espécie constitucional. Anomalia política. Disparidade social. Crise econômica. Falência governamental. Período pré- eleitoral. Candidaturas lançadas. Bases unificadas. Obras prometidas. Obras licitadas. Obras construídas. Obras concluídas. Obras conservadas.
      Elefante em nada glacial. Mamute da inoperância institucional. Marmota do pré sal. Moleira do leão esfomeado. Bolsa e bolso do contribuinte cada vez mais taxado. Professor mal remunerado. Médico importado. Índio arvorado. Bancário do braço cruzado. Parlamento sitiado. Bem público depredado. Mascarado infiltrado. Refém liberado. Amarildo: Procurado! Morro ocupado. Infante viciado. “Crack” alastrado.
      Abandonos e abandonados. Abonados e afortunados. Alegres e felizardos. Tristes e miseráveis. Sorridentes e irmanados. Solitários e esquecidos. Humanitários e providentes. Penitenciários e penitentes. Livres e de bons costumes. Efêmeros como vaga-lumes. Eternos como os recantos das moradas dos mansos e dos pacificadores. Profissionais e amadores. Pedreiros livres e construtores. Senhoras e senhores. Leigos e doutores.
      Classe além de uma série estudantil. Ordem na República Federativa chamada Brasil. Família brasileira maculada pela mesma violência cada vez mais ardil. Classe organizada. Ordem vigente. Família providente. Classe colegiada. Ordem legal. Família nacional. Classe política. Ordem regimental. Família, força e união. Classe em busca da perfeição. Ordem na pátria livre da corrupção. Família, berço cidadão.
      Família: Funeral cristão! Mulheres assassinadas em séries continuadas. Mulheres das vidas ameaçadas. Mulheres das agressões repetidas. Mulheres das seqüelas reparadas. Mulheres das querelas relegadas em mais de um serenar. Mulheres nascidas para florescer e para frutificar. Mulheres representadas pelo verbo legislar. Mulheres acrescidas pelo dever em respeitar. Mulheres imagem e semelhança do verbo amar. É ordem. Vamos cumprir. Vamos observar!
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com

Candidaturas...

Candidaturas...


      Cronograma eleitoral. Projetos políticos apresentados. Renovação parlamentar. Verbo governar voltado aos interesses da população. Título na mão. Representatividade em questão. Estado enquanto federação. Menos circo, mais pão. Partidos coligados. Partidos inovadores. Senhoras e senhores:
      Comprometimento cidadão. Validade e vigência constitucional. Horizonte social. Vértice democrático. Viabilidade em execução. Votos contabilizados. Votos validados. Votos inerentes a probidade institucional. Votos traduzidos além de uma capital metropolitana. Votos gerados na maternidade republicana.
      Mobilidade mais do que urbana. Produtividade econômica mais do que capitalizada. Educação com hora marcada. Saúde aquém de uma consulta postergada. Meio ambiente equilibrado. Direito assegurado. Dever elencado. Obrigações correspondidas. Massa em fermentação. Forno aquecido pela mesma inflação.
      Estradas sucateadas. Arquibancadas em fase de conclusão. Arenas edificadas. Coliseus em nada romanos. Safras sem escoamento. Cifras sem planejamento. Aplicabilidades contestadas. Deficiências ignoradas. Promessas arquivadas. Vidas ameaçadas. Vítimas fatais. Violência transcrita em anais. Vendavais de um verão vindouro. Pacificação além das encostas habitadas de um morro.
       Nem Zorro e nem Homem Aranha além do Palácio da Alvorada. Nem máscara e nem teia armada. Talvez, a Mulher Maravilha mais uma vez reeditada. Talvez, o laço da verdade em mais de uma cintura. Talvez, o princípio de uma novel legislatura estadual e federal. Talvez, o meio de uma governabilidade de fato nacional. Certamente, o fim de uma tragédia mais do que anunciada. Certamente, o recomeço de uma pátria esfacelada.
       Candidaturas sintonizadas com os anseios do eleitorado em tempo real.  Candidaturas lançadas diante das mesmas mazelas estampadas em manchete de jornal. Candidaturas registradas em tribunal. Candidaturas saneadoras no Brasil continental. Candidaturas inovadoras além do Brasil central. Candidaturas alvejadas. Candidaturas promissoras. Candidaturas sem patíbulos e sem masmorras. Candidaturas vindouras...
        Está aberta a temporada do voto procurado. Com a palavra o eleitor e a eleitora do Brasil mais do que inconformado. Urnas vozes. Urnas vezes. Urnas volver. Vamos reescrever o Brasil, pois “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


Professor do saber

Professor do saber



     Sala de aula ampliada em freqüência e êxito estudantil mais do que soletrado. Sala de aula perfilada em continência ao Brasil alfabetizado. Sala de aula de sapé em galpão improvisado. Sala de aula do infante em confronto armado e sorrateiro. Sala de aula do professor brasileiro.
     Professor do saber ser mais do que cidadão. Professor do saber ser lapidado pela busca da perfeição. Professor do saber ser solidário, companheiro e irmão. Professor do saber compartilhar conhecimento, ciência, cultura e educação. Professor do saber despertar o interesse pela leitura. Professor do saber integrar pelo esporte e pelo lazer. Professor do saber aprender para ensinar. Professor do saber desbastar para edificar.
     Prova subjetiva no diário da profissão. Prova oral no cotidiano da nação. Prova reprovada no quesito salarial. Prova bimestral cancelada em decorrência da greve geral. Prova da bala disparada no pátio principal. Prova da merenda com ares de pão amanhecido. Prova do sanitário entupido. Prova da lousa sem o devido apagador. Prova das hélices que já fizeram parte do mesmo ventilador outrora em funcionamento. Prova do aquecimento...
     Professor do saber transmitir a essência inata da Fé no Criador. Professor do saber propagar a busca continuada da Paz pelo Amor. Professor do saber integrar a Humanidade pela lei de causa e efeito. Professor do saber orientar o sujeito. Professor do saber aplicar o predicado. Professor do saber harmonizar o substantivo. Professor do saber distinguir o sentido do coletivo e do individual. Professor do saber viver em concordância mais do que gramatical. Professor do saber ora simples, ora plural.
       Sala de aula em poéticas saudações. Sala de aula em atuantes construções. Sala de aula em equações solucionadas. Sala de aula em aprovações continuadas. Sala de aula em prósperos dias e em noites iluminadas. Sala de aula de mãos dadas pelas matriculas efetuadas. Sala de aula presente nas chamadas. Eles vieram! Eles virão! Em cada professor, o saber de lição em lição. Vivas!
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


Tuberculose no ar...

Tuberculose no ar...

“Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: — Diga trinta e três. — Trinta e três... Trinta e três... Trinta e três... — Respire! — O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. — Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? — Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino”. (Pneumotórax - Manuel Bandeira).
      Uma penitenciária super lotada. Uma medicina defasada. Uma clínica de fachada. Um surto alarmante. Uma epidemia desconcertante. Um pulmão infiltrado. Um público ignorado. Um bacilo não curado. Um paciente terminal. Um funeral. Uma vítima do regime prisional. Uma insalubridade decadente. Uma triagem superficial. Uma manchete de jornal.
      Mal de um século continuado no Brasil central. Malefícios agravados pela incúria governamental. Porão dos condenados em lastro criminal. Penúria institucionalizada em tempo real. Penitencia nem tão oculta. Falência mais do que orgânica. Contaminação disseminada. Consulta tardia. Medicação sem garantia. Tratamento ineficaz. Calamidade voraz. Óbito registrado.
      Quem morreu e quem padece? Quem alastra e quem dissemina? Quem contamina e quem é contaminado? Quem examina e quem foi examinado? Quem se curou e quem foi tratado? Quem padeceu nas mãos do Estado? Quem comeu o pão amassado pelo mesmo diabo? Quem permite tamanho descalabro? Quem consente inumerável inoperância? Quem ignora a emergencial importância? Quem administra sem a devida relevância?
      Presidiários duplamente condenados. Presidiários evidentemente esquecidos. Presidiários freqüentemente relegados. Presidiários contaminados e contaminadores. Senhoras e senhores. Familiares e visitantes. Agentes prisionais e carcereiros. Policiais militares e civis. A mesma chaga, a mesma cicatriz. A mesma ferida, a mesma enfermidade sem final feliz.
     Tuberculose no ar da lendária Cuiabá em bis e refrão. Tuberculose no ar canalizado de uma prisão. Tuberculose nos confins do mundo cão.  Tuberculose em centena recontada. Tuberculose com hora marcada para a próxima vítima fatal. Tuberculose sem solução institucional. Tuberculose em bacilo coadjuvante de um vírus letal. Tuberculose em raiz medieval. Tuberculose em tronco deveras republicano na sua melhor idade. Tuberculose em turba amontoada pela insalubridade. Tuberculose na má vontade do ato de curar. Tuberculose com nome e com sobrenome. Tuberculose com alcunha e com apelido. Tuberculose em tempo e em espaço ilimitado. Tuberculose lado a lado. É fato!
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com