segunda-feira, 24 de novembro de 2014

ABECEDÁRIO DA BANDEIRA

ABECEDÁRIO DA BANDEIRA

    Augusta Bandeira Nacional. Brava gente brasileira. Crescente conturbação. Desrespeito desprezível aos olhos da Nação. Expressão da ordem legal. Força do progresso nacional. Grandeza imortal. Hasteada é harmonia. Idolatrada é Hino em poesia. Justificada é soberania. Laborada é pavimento da cidadania. Malversada é sentimento em sangria. Nomeada é Democracia. Ofuscada é rebeldia. Profanada é lesão. Queimada é funeral. Reclamada é Dever. Símbolo republicano da paz ameaçada em tempo real. Tangência militar e civil. Ultraje em prantos mil. Veleidade ardil. Xavante versus agricultor da pátria secularizada. Zênite da ocupação rural e urbana desordenada.
       Querido símbolo da terra, da disputada terra chamada Brasil!
       E a Nação dos filhos amados não suporta tamanha dor. Paira o desacato, sangra o amor. Pavilhão da justiça derradeira ou ira do agricultor sem defensor?
       Recebe o desafeto que se prolifera em indignação. Recebe o mandado que se reverbera em desocupação. Recebe o lábaro de um mesmo Cruzeiro estrelado. Recebe o brado de um mesmo povo brasileiro desalojado. Recebe o verso cadenciado em hino secular. Recebe o reclame em brado retumbante. Recebe a população em destino errante. Recebe o nativo e o migrante. Recebe o rebanho e a lavoura. Recebe o distrito e o povoado. Recebe o município mapeado. Recebe o Estado federado. Recebe o público. Recebe o privado.
      Olavo sem Bilac em nada obreiro. O lavrador em pleno embate derradeiro. A platéia sem tablado e sem picadeiro. A colméia transformada em vespeiro. A Pátria em nevoeiro constitucional. As reformas políticas dormentes aquém do Congresso Nacional. As demandas sociais prorrogadas. As instituições republicanas defasadas. As premissas constitucionais ignoradas. As chamas fragmentadas em cinzas sem qualquer fênix ou Brasão. A beleza da pátria apequenada nas cores desfiguradas da Bandeira incinerada no abecedário tremulante em Pendão. 19 de Novembro: Dia da Bandeira: Salve!

Airton Reis, professor, poeta e embaixador universal da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com
Barros de Manoel

    “Poemas concebidos sem pecado”, assim na Terra como no Céu. “A face imóvel”, em letras margeadas além de um papel. “Poesias”, exaltadas em mais de um dossel. “Compêndio para o uso dos pássaros”, desfolhado por mais de uma mão. “Gramática expositiva do chão”, além de uma edição. “Arranjos para Assobio”, em bis e em refrão. “Livro de pré-coisas”, margeado pela perfeição.
    “O guardador das águas”, emendadas num indivisível Pantanal. “Livro sobre o nada”, em mais de um tempo verbal. “Retrato do artista enquanto coisa”, criado a imagem e semelhança divinal. “Ensaios fotográficos”, em tempo real. “Exercícios de ser criança”, em prisma gramatical. “Encantador de palavras”, em sonoridade ambiental. “O fazedor de amanhecer”, substantivo e plural.
    “Tratado geral das grandezas do infinito”, mais do que circunstancial. “Águas”, em manancial. “Cantigas, Escritos, Memórias e Poemas” de um “Menino do Mato”. Fonte literária em mais de regato banhado em ribeirão. Portal da liberdade de expressão. Modernista em mais de uma ocasião. Lição de humildade. Portal da eternidade. Manoel Wenceslau Leite de Barros (Cuiabá19 de dezembro de 1916 - Campo Grande, 13 de novembro de 2014).
      Barros de Manoel, despedida em acenos laureados pela saudade. Barros de Manoel, inventor teórico em ângulos geométricos da palavra. Sensibilidade do corpo e inteligência do espírito criador: “Poesia não é para compreender, mas para incorporar”. Quebra do paralelismo sintético e semântico. Sentidos esboçados pela percepção de humanidade. Vontade permanente da verdade em mais de uma aurora imaginada além do materialismo imediato. Concreto e abstrato. Devaneios espelhados em razão. Fábulas sem fingimento e sem personagens mascaradas pela ficção. Invento de um inventor de organismos em frases inacabadas. Fingimento aproximado do real. “Há histórias tão verdadeiras que às vezes parecem falsas”. Mago em combinações reveladas ao leitor. Ruptura dos limites da razão: “Fazer cavalo verde, por exemplo”.
       Manoel de Barros, escritor do silêncio em sílabas coloridas por uma paisagem natural. “Escrever nem uma coisa e nem outra – a fim de dizer todas, ou, pelo menos nenhumas. Assim, ao poeta faz bem desexplicar – tanto que escurecer acende os vaga-lumes”.
          “Hoje eu atingi o reino das imagens, o reino da despalavra. Daqui vem que todas as coisas podem ter qualidades humanas. Daqui vem que todas as coisas podem ter qualidade de pássaros. Daqui vem que todas as pedras podem ter qualidade de sapo. Daqui vem que todos os poetas podem ter a qualidade de árvore. Daqui vem que todos os poetas podem arborizar os pássaros. Daqui vem que todos os poetas podem humanizar as águas. Daqui vem que os poetas devem aumentar o mundo com suas metáforas. Que os poetas podem ser pré-coisas, pré-vermes, podem ser pré-musgos. Daqui vem que os poetas podem aprender o mundo sem conceitos...”: Afirmativas que prosseguem em mais de uma obra poética publicada. Manoel de Barros, na Paz Eterna da sua nova Morada Azul Anil. Condolências aos familiares deste que foi e continuará sendo o maior poeta pantaneiro do Brasil.

Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com
Ler ou não ler? Eis a lição!

    Alfabetizados ou não? Letrados ou escolarizados sem educação? Livros sobre a mesa ou pesquisa sem extensão? Com quantas palavras se constrói uma Nação? Em quantas páginas publicadas a liberdade de expressão? Será a língua portuguesa “a última flor do Lácio inculta e bela”? Sobreviverá à cultura nacional quando submersa em mais de uma mazela? Quando a Pátria verde e amarela? Aonde o azul anil? Quem são os filhos e filhas da Mãe nem sempre gentil?
    Brasil, Brasil, Brasil: Três vezes descoberto. Três vezes colonizado. Três vezes reino destronado. Três vezes proclamado independente. Três vezes inconfidente. Três vezes alforria. Três Poderes basilares da Democracia. Três instancias da Cidadania. Três estrelas de nome Maria. Santíssima Trindade além da histórica Vila Bela. Trezentos anos vigilantes em sentinela. Terras e tratados. Marcos e Estados federados. Municípios distanciados. Assentados e favelados. Acomodados e relutantes. Fardados e meliantes. Abastados e mendicantes.
    Terceiro parágrafo sem travessão. Cultura, Ensino ou Educação? Formação ou informação em tempo real? Repente ou repetente presidencial? Dente de leão institucional ou garra afiada da Receita Federal? Quem recolhe? Quem aplica? Quem distribui? Quem sonega? Quem delega? Quem burla? Quem recebe? Quem paga? Quem desvia? Quem destina? Quem propina? Quem delata? Quem ata? Quem desata? Dona cigarra ou dona barata? Erva daninha ou joio político infestado? Estatuto da Criança e do Adolescente ou infante marginalizado? Nem tudo é Público. Nem tudo é Privado.
    Quarto escuro. Leito desarrumado. Ventilação ausente. Povo nem sempre dormente. País do penta. Suíte de presidenta (?). Guarda roupa embutido. Salão principal. Baile eleitoral. Orquestra ministerial. Samba sem qualquer canção. Toca o surdo. Repica o pandeiro. Dedilha o violão. Ecoa a corrupção. Ressoa a improbidade. Ouvido mouco. Olho tampado. Nariz fechado. Será um último tango? Será um remendo de fado abrasileirado? Sei não, sem qualquer regionalismo exacerbado, acho que será um legítimo rasqueado.
    Mas, ainda podemos ouvir com apenas uma orelha o que já é audível em mais de uma mídia internacional. Mas, ainda podemos ler somente com um olho as linhas nebulosas em mais de um temporal...
    Enquanto isso, uma narina continua em crescimento acelerado. Depois disso, será que ainda haverá mais de um nariz avermelhado? Por hora, o circo continua armado. Tem palco e picadeiro. Tem malabarista e domador. Tem respeitável público. Tem mastro, astro principal e montador. Tem Palácio da Alvorada. Tem Congresso Nacional. Tem mais de um Tribunal! A padaria abriu. O pão no preço subiu. Tem jornal no Brasil!

Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

BICADA REAL: BIQUEI!


Dois dias da decisão eleitoral...
Inclusão mais do que política e social?
Lume presidencial? País continental? Regime presidencial?
Marco civil? Vós sois reis? Vós sois coroados? Vós sereis destronados?
Acordei! De IV em IV? Vai mais mão! Varre o salão. O baile é finito. Eu exclamei:

Dedo de moça não é pimenta malagueta.
Inflação galopante: Pá e picareta!
Lilás matinal em cantoria...
Minha casa, nossa vida, nossa democracia.
Alvorada pra quem? Sonhei!
Dia de delatar a improvisação.
Inimigos do rei? Sei não...
Luz nas trevas? Ficção!
Moralização?
Aonde?
Ducado em condado nada francês...
Inglaterra desunida? Talvez!
Liberdade tardia? Freguês!
Mel ou melado de cana caiana?
Alpistes republicanos? Nós tucanos! E ela? Bico de pena de pelicanos! Bicamos!
Airton Reis 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014


AÉCIO... AÉCIO... 


Acrósticos por um voto certeiro!
É a voz do povo brasileiro!
Constituição Federal por inteiro!
Ilusão jamais!
Ou mudamos ou seremos imparciais!

Agora
É
Com você!
Isso tudo tem que mudar!
O Brasil verde, amarelo, azul e branco: Vamos edificar!

Amanhã vai ser outro dia!
É à hora da real Democracia!
Cidadania em todos os quadrantes!
Igualdade e Liberdade equidistantes!
O Brasil somos todos nós: Governados e governantes!

Ainda há tempo!
É chegada à hora da mudança!
Caso você ainda tem esperança,
Indique 45 sem contra indicação!
Ou o Brasil continuará parceiro da corrupção!


(Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT, airtonreis.poeta@gmail.com)

Poeta: Dia e noite...

Poeta: Dia e noite...

       Lá vem o Sol da Liberdade em raios nem tão fúlgidos assim. Lá vem o raiar da humanidade cultivada além de um jardim. Lá vem o alvorecer com aroma de jasmim. Lá vem o Universo interligado pela mesma Luz. Lá vem a face sorridente do Nosso Senhor Bom Jesus. Dias e noites cronometrados pelo mesmo tempo. Pensamento irmanado além de uma alforria. Lá vem o poeta. Lá vem a poesia. Lá vem o poente em mais de um luar. Firmamento estelar. Hora do verso configurado pelo verbo expressar. Minuto da escuridão temporária. Segundo da palavra além de uma ocasião mais do que imaginária.
       Imensidão mais do que celestial. Vazão incontida além dos meandros abandonados do Pantanal. Cerrado em floração interrompida pela chama anual. Floresta Tropical abatida pelo capital. Seres imersos numa mesma degradação ambiental. Seres banidos do espaço natural. Paisagem alterada. Primavera sem floração. Seres nos rastros da nefasta extinção. Dia do poeta. Noite da poesia. Dia do verso aquém de qualquer Academia. Sintonia pela harmonia. Igualdade pela inclusão. Fraternidade além dos bocados do mesmo pão. Realidade permeada de ficção. Vontade constatada em ação. Cidade, Estado, Pátria, País e Nação. Mundo nem sempre irmão.
       Quem fica e quem vai embora? Quem sabe a hora e quem faz acontecer? Quem gosta de ler? Quem faz da rima livre uma cadência continuada? Quem ouve o silêncio da madrugada? Quem permanece com a boca escancarada? Quem tremula uma bandeira esverdeada? Quem vive para pacificar? Quem sabe o que é amar? Quem ouve estrelas de mais de uma constelação? Quem segue a voz que vem do coração? Será o poeta em invento inacabado? Será o poeta censurado? Será o poeta reconhecido? Será o poeta que ainda vai nascer? Será ser poeta uma vocação? Será ser poeta uma utopia? Será ser poeta a face de uma noite anunciando um novo dia?
       Neste dia e nesta noite, o poeta saúda e é saudado. Neste dia e nesta noite, o poeta é homenageado. Neste dia e nesta noite, o poeta é verso publicado. Neste dia e nesta noite, o poeta é página mais do que virtual. Neste dia e nesta noite, o poeta é ponto sem final... Ser real? É precisão! Ser poeta? Vai além de uma partitura executada pela perfeição! Ser poesia? Vai além de uma página nem sempre desfolhada pela mesma mão. Sou poeta dia e noite. Sou poeta noite e dia. Em mim, a poesia. Em mim, a letra que se faz frase e oração. Em mim, o verso cadenciado pela emoção. Feliz Dia do Poeta! Airton Reis em nome da Associação Internacional de Poetas – Mato Grosso.

       “Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: — mais nada”. (Motivo – Cecília Meireles).

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Caras e Coroas

Caras e Coroas

      Fogo de Vesta apagado. Honestidade em funeral anunciado. Pureza em fonte intermitente. Povo indigente. Povo relegado. Povo consultado. Povo consultoria. Povo democracia. Poder em nado romano. Poder mais do que palaciano. Poder republicano em mais de um rincão. Poder equação. Poder emanado. Poder elencado. Poder direito. Poder dever. Poder obrigação. Poder mobilidade. Poder legislativo. Poder governamental. Poder presidencial.
     Em que casta a vestal? Em que pasta a corrupção institucional? Quando o basta na violência banalizada em mais de uma ocorrência policial? Aonde o arrasta em nada pontual? Quando o próximo arrastão além de um litoral? Aonde o morro pacificado em tempo real? Quem assaltou o cardeal? Quem arrombou a diocese cristã? Quem lesou a família cidadã? Quem lucra com a improbidade nem sempre delatada? Quem ama a pátria dilapidada?
     Responde oh urna apurada! Fala oh voto da casta desgovernada! Não somos castores. Não somos rebanhos sem pastoreios e sem pastores. Não somos manadas. Não somos aves aladas. Não somos presas. Não somos predadores. Não somos impostores. Não somos inconfidentes. Não somos diferentes. Não estamos contentes. Não estamos satisfeitos. Não queremos apenas eleitos e empossados. Seremos sim responsabilizados pela escolha da maioria. Faremos sim a diferença confirmada em nome da vetusta democracia.
     Conto sem trono e sem manto. Contador sem reino e sem império. Parlamento sem qualquer príncipe regente transladado em cemitério. República sem o impropério dos vetos presidenciais recentes. Eleitores sem o critério dos legisladores dormentes. Cidadãos de olhos abertos. Cidadãs de bocas escancaradas. Postulantes de mãos limpas. Vitória das fichas alvejadas. Crianças matriculadas. Vidas dignificadas.
     Caras desmascaradas. Caras pálidas. Caras pintadas. Caras numeradas. Caras numerosas. Caras em versos. Caras em prosas. Caras retocadas. Caras fechadas. Caras miscigenadas. Caras debochadas. Caras zangadas. Caras feridas. Caras despetaladas. Caras combatentes. Caras indiferentes. Caras sorridentes. Caras expostas. Caras ocultas. Caras procuradas. Caras violentadas. Caras suadas. Caras ensangüentadas. Caras lacrimejadas. Caras da casta. Caras da vestal. É singular ou será plural?
     E as coroas, serão herança de Portugal? Caras e coroas. Cuidado com o resultado final. Afinal, será que todos sabem com quantas espigas de milho verde se faz uma pamonha assada? Afinal, será fato que uma moeda foi encontrada no papo do pato sem tucupi? Afinal, será que todo brasileiro gosta de arroz com pequi? Pousa sabiá. Voa bem-te-vi. Canta canário da terra outrora tupi-guarani. Vamos ali votar. Voltamos já para comemorar. De caras lavadas e com as coroas destronadas. Até segunda!
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com


Mato Grosso: Cultura ao avesso!

Mato Grosso: Cultura ao avesso!

        Pires quebrado. Eleito e eleitorado. Leite derramado. Pedra no caminho. Espinho pontiagudo. Compromisso assinado. Papel passado. Papel presente. Papel futuro. Letras e letrados. Livros e escolarizados. Antologias intermitentes. Artes dormentes. Artistas descontentes. Atores sem ribaltas iluminadas. Artesãos de uma Casa de portas fechadas. Músicos de uma serenata sem luar. Verbo governar. Verbo prometer. Verbo executar.
        Governante e população. Promessas e eleição. Executivo e administração. Cortar e reduzir. Limitar e conter. Superintendência dissimulada. Secretaria de Cultura sepultada. Morte de causa ignorada. Memória embalsamada. História cremada. Geografia sem missa de sétimo dia. Cidadania de luto coletivo. Presente do Indicativo. Aquarela desbotada. Óleo sob tela rasgada. Cantiga de ninar. Hino centenário. Glossário. Roda de seresta sem seresteiro. Cururu sem violeiro. Siriri sem tocador. Acorda Excelentíssimo Governador!
        Mato Grosso sabe de cor e salteado o que é uma divisão. Mato Grosso, antes do Estado solução propagado por José Garcia Neto, é muito mais do que uma bolsa de cimento em concreto armado. Mato Grosso é nascente do Cerrado em mais de uma vazão. Mato Grosso é meandro abandonado em mais de uma estação aonde a água corre cristalina. Mato Grosso é mais do que uma clareira clandestina. Mato Grosso é sina do progresso além de um celeiro abarrotado. Mato Grosso é muito mais do que um produto agrícola exportado. Mato Grosso é rebanho em campo cultivado. Mato Grosso é muito mais que um povo aldeão. Mato Grosso é verso antes de ser canção...
        Pela ordem, a nossa classe não será apequenada em acomodação palaciana. Pela ordem, integramos uma Pátria republicana. Pela ordem, temos direitos e deveres elencados em Carta Magna Constitucional. Pela ordem, temos obrigações com a cultura regional. Pela ordem, a poesia nem sempre nasce de parto natural. Pela ordem, a liberdade de expressão continua fundamental. Pela ordem, a manga Bourbon não nasce de cajueiro enxertado. Pela ordem, bagre ensopado nem sempre é mandi. Pela ordem, nem todos podem roer o mesmo pequi.
        Trezentos anos de cultura não se extinguem nem com reza brava. Vassouras nem sempre são feitas de fibras de piaçava. Aqui e acolá, uma voz se levanta para protestar. Aqui e acolá, um marco além de uma fronteira. Aqui e acolá, a miscigenada terra brasileira. Aqui e acolá, uma bandeira mais do que tremulante. Aqui e acolá, um Pavilhão a meio mastro agonizante. Aqui e acolá, um público mais do que pagante. Aqui e acolá, elegemos (e elegeremos) mais do que um representante.
        Nem tudo finda como principiou. Palavras o vento levou. Letras o tempo apagou. Quantas artes sem piso ficarão? Quantos artistas mato-grossenses destinados, como nós, a lamber do mesmo sabão? Sei não, assim vocês acabam nos decepcionando. Sei não, assim vocês continuam nos enganando. Fecha o cofre, passa a régua. Quem beijou, beijou. Fecha o caixão! Mato Grosso: Cultura ao avesso! Indignação!
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com


Sonatas...

Sonatas...
       Tem gente com fome? Sim! Tem leão faminto? Sim! Tem lobo em pele de cordeiro? Sim! Tem raposa no galinheiro? Sim! Tem rapadura de mamão? Sim! Tem literatura de cordel? Sim! Tem Rapunzel? Sim! Tem visconde além do de Sabugosa? Sim! Tem cravo ferido? Sim! Tem rosa despetalada? Sim! Tem marquesa além da de Santos? Sim! Tem condessa além da de Itu? Sim! Tem baronesa além da de Vila Maria? Sim! Tem princesinha além da do Paraguai? Sim!
       Tem criança sem creche e sem escola? Sim! Tem violência cantarolada além de uma moda de viola? Sim! Tem infância sem jardim? Sim! Tem pé de garrafa e curumim? Sim! Tem pó de pirlimpimpim? Sim! Tem estória sem fim? Sim! Tem conto do vigarista? Sim! Tem canto da sereia? Sim! Tem madame Mim? Sim! Tem lâmpada de Aladim? Sim! Tem Alibabá? Sim! Tem os quarenta ladrões? Sim! Tem mulher maravilha? Sim! Tem homem aranha? Sim!
       Tudo nós teremos e tudo nós podemos nas páginas que se fazem literatura com ou sem qualquer ficção. Tudo nós seremos e tudo nós faremos pela perpetuação da nossa cultura ameaçada de extinção. Uns tecem e outros modelam. Uns esculpem e outros sonorizam partituras. Uns dramatizam e outros pintam gravuras. Uns escrevem e outros regem orquestras e corais. Uns bailam e outros bailarinos. Uns consagrados e outros pequeninos. Todos nós cantamos um só Hino. Todos nós traduzimos a nossa região. Todos nós fazemos da arte o nosso pão.
       Todavia, nem todos nós integramos os mesmos picadeiros. Todavia, antes de mato-grossenses nós somos brasileiros. Todavia, nem todos nós aplaudimos o mesmo coliseu. Todavia, para cada Julieta o seu Romeu. Todavia, para cada Marília o seu Dirceu. Todavia, para cada palavra uma sentença. Todavia, para cada frase uma oração. Todavia, para cada verso nem sempre um soneto. Todavia, para cada meia dúzia nem sempre um sexteto.
       Saúde pública? Educação privada? Segurança armada? Transporte intermodal? Assistência social? Albergue municipal? Carro importado? Conta corrente? Dente? Livro? Presídio? Pão de cada dia? Democracia? Cidadania? Presidenta?  Veto? Decreto? Teto? Nem todos os eleitores e eleitoras do Brasil possuem! Ao contrário, a grande maioria do eleitorado brasileiro é possuída pela mesma fome de poder pelo poder. Enganam-se e deixam-se enganar pelos palatinos de última hora. Elegem e uma vez eleitos, ninguém quer ir embora. Uns ficam para enganar e para corromper. Outros fazem da política uma profissão. Uns intitulam-se partidários da nação.
       Enquanto isso a sonata do sim continua sem maestro de plantão. Tocam e retocam mais do que um berimbau. Esculpem para cada Pinóquio falante um par de pernas de pau. Articulam bonecos. Fabricam fantoches. Mandam o povo comer brioches. Mesmo assim, a sonata do sim continua ecoando de eleição em eleição. Mesmo assim, voltamos afirmar: O Brasil tem solução! A sonata do sim tem fim! E a sonata da corrupção? Não?
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Urnas volver!

Urnas volver!
     Um sentido. Uma direção. Uma Pátria. Um País. Um Estado. Uma União. Uma democracia em construção. Uma cidadania pavimentada. Uma renovação almejada. Uma página virada. Uma saúde assegurada. Uma educação valorizada. Um segurança atuante. Uma economia pujante. Um povo civilizado. Um poder emanado. Um voto validado. Uma promessa cumprida. Um plano político. Uma plataforma social. Uma moralidade institucional.
     Um sentimento. Uma constatação. Um abandono. Uma degradação. Uma falácia. Uma baderna. Um braço fraturado. Uma perna engessada. Um dedo apontado. Um sujeito. Um verbo. Uma oração. Um substantivo. Um predicado. Uma abstração. Uma denúncia. Um denunciado. Uma delação. Uma improbidade replicada. Uma mazela continuada. Uma querela tardia. Uma balela por primazia. Uma panela vazia. Uma mesa abastada. Uma favela na periferia. Um Palácio da Alvorada.
     Igualdade! Igualdade! Onde tu estarás abrigada? Liberdade! Liberdade! Temos fome, temos sede, temos nome, temos mais do que qualquer Força Armada. Temos uma Carta Magna promulgada. Temos um Congresso Nacional deveras representante dos reclames da Pátria nem sempre gentil. Temos uma infância aliciada em mais de uma região do Brasil. Temos uma guerra camuflada contra a ingerência civil. Temos uma batalha deflagrada em nosso viver varonil. Temos um Hino. Temos uma Bandeira. Temos um Brasão. Temos um Selo. Temos a Força da União.
     Queremos mais do que pão! Queremos mais do que as lonas de um picadeiro. Queremos governantes e legisladores por inteiro. Queremos a violência combatida em causa emergencial. Queremos o meio ambiente conservado além de uma clareira na Floresta Tropical. Queremos a nossa independência mais do que institucional. Queremos a nossa prioridade assistencial. Queremos a nossa soberania em tempo real. Queremos a nossa democracia validada em todo território nacional. Queremos a nossa cidadania em prisma elevado. Queremos o nosso salário advindo do trabalho valorizado.
     Voto secreto. Voto declarado. Voto por voto computado. Voto por voto ampliado em insatisfação. Voto por voto sem remendo, sem enganação e sem costura. Voto por voto confiante na lisura. Voto por voto na mais pura fonte do direito e do dever. Voto por voto pela obrigação de eleger. Voto livre. Voto universal. Voto informatizado. Voto consolidado em ideal. Voto do interior. Voto da capital. Voto do sertão. Voto do litoral. Voto brasileiro. Voto maioral. Voto minoria. Voto primordial. Voto sem freguesia. Voto com valia. Voto validado aquém de uma periferia.
     Nessa estrada, mais de uma bifurcação. Nessa jornada, vale o título em nossa mão. Estejamos atentos, vigilantes e isentos de qualquer enganação. Uma vez confirmado, o leite já estará derramado. Lavemos as nossas xícaras mesmo que com as asas quebradas. Coloquemos os nossos pires diante das urnas por apurar. Não vamos fazer de conta. Vamos bradar em votos certeiros. Vamos demonstrar que somos brasileiros. Vamos vencer ou seremos combalidos pelos mesmos atos costumeiros. Façamos valer a nossa representação. Vamos confirmar a nossa convicção. Vamos consagrar muito mais do que uma presidência da República movida pela inovação. Feliz votação! Até a vitória sem nenhuma influência publicada em pesquisa de opinião.
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Brasil: Há solução!

    Uma causa política. Uma dívida pública. Uma carência social. Um patrimônio ambiental. Um pleito eleitoral. Uma disputa acirrada. Uma corrupção delatada. Um Palácio. Uma Alvorada. Uma bolsa. Um bolsão. Uma miséria. Uma população. Um circo sem lona. Uma mesa sem pão. Um ensino sem educação. Uma saúde sem prevenção. Uma vítima fatal. Uma insegurança banal.
    Um boletim de ocorrência policial. Uma investigação criminal. Um indiciado em tempo real. Um devido processo legal. Uma acusação. Uma defesa. Um tribunal. Um julgamento. Uma sentença. Uma prisão. Um presídio. Um presidiário. Uma ocupação. Uma obrigação. Um salário. Um direito. Um dever. Uma agenda. Uma arrecadação. Um plano. Um diário. Uma realização.
    Uma economia. Um País. Uma Democracia. Uma Constituição. Uma cidadania. Uma União. Uma liberdade. Uma igualdade. Um distrito. Um município. Uma cidade. Um estado. Uma região. Um litoral. Um sertão. Um planalto. Uma planície. Um campo cultivado. Um pólo industrial. Uma integração nacional. Uma rodovia duplicada. Uma ferrovia ampliada. Um porto fluvial. Um Congresso Nacional.
    Uma reserva mineral. Um extrativismo vegetal. Um crescimento sustentado. Um meio ambiente equilibrado. Uma paisagem natural. Uma Pátria continental. Um perímetro urbano. Um assentamento rural. Uma escola. Um hospital. Um ofício. Uma profissão. Uma infância. Uma juventude. Uma melhor idade. Uma aposentadoria. Uma dignidade.
    Uma verdade. Uma contradição. Uma calamidade. Uma improbidade. Uma reeleição. Uma baderna. Uma perna. Um pé de meia. Um braço. Uma mão. Uma boca. Um bocado. Uma toca. Um toco. Um trocado. Um canto de sereia. Um tucano em nada alado. Uma toga. Um togado. Um tribunal. Um tabuleiro. Uma ribalta em nada teatral. Um bueiro institucional.
    Um palito de fósforo riscado. Um isqueiro esvaziado. Um fogo alastrado. Uma labareda em chama ardente. Um incêndio inconseqüente. Um clima alterado. Um ecossistema ameaçado. Uma legislação indiferente. Um legislador ausente. Uma fauna em fuga. Uma flora acuada. Uma vereda sem água. Uma cacimba esgotada. Uma usina desligada. Uma torneira sem função. Uma chuva estimada para o próximo Verão. Uma sequidão. Um séquito. Um sultão. Um marajá. Um elefante em nada indiano. Uma casta real. Um castelo de cristal. Um mantra ocidental.
    Uma goleada inesperada. Uma tabela modificada. Uma onda. Uma enseada. Tem futebol? Tem sim senhor! Tem carnaval? Tem sim senhora! Tem cravo ferido? Tem rosa despetalada? Tem Noel! Tem Cartola! Tem Jamelão! Tem samba! Tem canção! Tem melodia! Tem compositor da cidadania. Tem intérprete da democracia! Tem Constituição promulgada! Tem pátria mãe nem sempre gentil. Tem pátria idolatrada em cantos mil. Tem Pátria Amada Brasil!
       Quem vem lá? Quem vai embora? Quando será banida a corrupção? “Esperar não é saber. Quem sabe faz a hora não espera acontecer”. Mesmo depois do governo atual, para o Brasil há solução! Vamos acertar ao escolher. Vamos ser vigilantes e vencedores. Vamos juntos conjugar o verbo solucionar. Vamos crescer, vamos prosperar. A hora é agora. Vamos somar para multiplicar. Vamos equacionar valores. Vamos dirimir penhores. Vamos eleger a novel presidente, os fiéis governantes e os ilibados legisladores.
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com


Cáceres-MT: Futuro embrulhado para presente

     Papel metalizado. Laço de fita acetinado. Mimo embalado. Lembrança de um reduto eleitoral ignorado. Caixa de papelão reciclado. Vila em passado ilustrado. Marco histórico assentado. Município estagnado. Fronteira internacional. Porto do Pantanal. Meandro abandonado da Floresta Tropical. Cáceres terra natal. Cáceres, paisagem natural. Cáceres, poesia regional. Cáceres, parlamento estadual. Cáceres, diocese cristã. Cáceres conquista cidadã.
     Festa da democracia popular. Motivos para comemorar. Convidados e penetras diante do verbo legislar. Fome continuada de poder. Nome e sobrenome do dever. Famintos e saciados. Eleitos e empossados. Eleitores deveras empenhados. Clamores institucionais irmanados. Indicadores ambientais observados. Núcleos educacionais ampliados. Patrimônios históricos tombados. Uma cidade hospitaleira. Uma região mato-grossense. Uma terra brasileira. Uma classe social mais do que determinante. Um postulado político deveras representante.
     Bandeiras tremulantes. Cadeiras disputadas. Causas públicas postergadas. Vidas relegadas. Mais de uma Praça. Mais de um pracinha. A mesma valorosa e vigilante Marinha. O mesmo Batalhão. O mesmo GEFRON. A mesma ponte de um Progresso ampliado. O mesmo Oeste alijado do desenvolvimento dito sustentado. O mesmo povo esquecido. A mesma migalha de pão amanhecido. A mesma Ordem constitucional. Outras promessas esquecidas pelo governo estadual. Outros reclames emergenciais ecoados no Congresso Nacional.
     Oh, Cáceres do tempo passado glorioso e valente. Oh, Cáceres do tempo presente decadente. Oh, Cáceres do tempo futuro emergente. Oh, Cáceres de geração em geração. Oh, Cáceres de mão em mão. Oh, Cáceres de boca em boca. Oh, Cáceres de mazela em mazela. Oh, Cáceres em eterna sentinela. Oh, Cáceres em perpétuo Pavilhão. Oh, Cáceres em bis e refrão. Oh, Cáceres em verso que se faz melodia. Oh, Cáceres no reverso da Democracia. Oh, Cáceres nos lamentos de uma cidadania. Oh, Cáceres da liberdade nunca tardia. Oh, Cáceres da igualdade na Ordem do Dia.
      Cáceres princesinha do tempo imperial. Por ti, uma poesia advinda da inspiração casual. De ti, a nossa genealogia perpetuada em pia batismal. Contigo a nossa cantoria mais do que musical. Conosco o seu Hino, a sua Bandeira e o seu Brasão Municipal. Nesta eleição, transferimos o nosso título para a Capital. Todavia, na urna confirmaremos convictos por sua redenção política, econômica e social. Não migramos por deserção. Não fazemos rimas por distração. Queremos, por direito, por dever e por obrigação a sua inserção neste Estado federado. Estaremos sempre de prontidão por sua redenção antes, durante e depois de um pleito eleitoral informatizado. Continuamos seu filho aquém de um voto confirmado.
      No mais, Grande Cáceres, feliz aniversário em versos antecipados. No dia 6 de outubro, os nossos votos comemorados: Adriano Silva e Túlio Fontes, eleitos e futuramente empossados. Assim será! Com as bênçãos do Padroeiro São Luis, a nossa Cáceres das cinzas ressurgirá! Cuiabá-MT, 26 de setembro de 2014. Airton dos Reis Júnior, que assina Airton Reis.

Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com