quarta-feira, 12 de junho de 2013

Centavos coletivos

Centavos coletivos
    Abusos e abusados. Detidos e aprisionados. Civis e fardados. Paulistas e brasileiros. Avenidas, ruas e canteiros. Calçadas e picadeiros. Fogueiras e bombeiros. Circo sem lona. Liberdade sem lei. Anarquia sem palhaço. Depredação concreta. Vidraças estilhaçadas. Passagens e passageiros. Feridos e atropelados. Inocentes e culpados.
    Centavos coletivos nas contas dos gramados. Centavos coletivos nas contas dos estados federados. Centavos coletivos nas contas de um público mais do que pagante. Centavos coletivos nas contas de mais de um representante do povo eleito governante. Centavos coletivos nas contas de mais de um parlamento evidentemente congestionado. Centavos coletivos nas contas de um transporte cada vez menos respeitado.
    Avenida Paulista em chama. Sinal vermelho em rua paralela. Faixas de uma mesma passarela. Pátria verde. Pátria amarela. Pátria vigilância. Pátria sentinela. Pátria mazela. Pátria “maracutaia”. Pátria maracatu. Pátria zagaia. Pátria toca de tatu. Pátria tabuleiro do mesmo angu. Pátria hospedeira da discórdia de cada dia. Pátria da falsificada democracia. Pátria da intensificada rebeldia. Quem te teme enquanto moeda republicana? Quem te espreme como caldo de cana?
    Quem te faz cantoria? Quem te usa? Quem te abusa? Quem te vende? Quem te troca? Quem te vigia? Quem te engana? Quem te cria? Quem te educa? Quem te socorre? Quem te move? Quem te engole? Quem te devora? Quem te saboreia? Quem te degusta? Quem te regurgita? Quem te torna aflita? Quem te faz conflitante? Quem te eleva? Quem te conforta? Quem te ampara? Quem te prende? Quem te algema? Quem te amarra? Quem te ama? Quem te engana?
    Realidade em drama real. Realidade em epopéia nacional. Realidade em imprensa internacional. Realidade e agentes. Realidade e tarifas. Realidade e catracas. Realidade e atoleiros. Realidade e desordeiros. Realidade e centavos coletivos derradeiros. Realidade e centavos coletivos dos passageiros brasileiros. Realidade e centavos coletivos em vespeiros.
PS: O ministério da poesia adverte: Vespeiros “atiçados” são letais. Vespas não são fábulas constitucionais. Oh! Vespa rainha, sem Maria, sem Bethânia, sem favos e sem mel. Oh! Vespa rainha sem colméias, sem apiários, sem operários e sem céu. Sobreviveras? Os centavos coletivos nos responderão... Viva continua a liberdade de imprensa e de expressão!
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com

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