sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Quem é que...

Quem é que...
    Fundo em nada falso. Relapso em nada pessoal. Adereço eleitoral. Complemento mensal. Real de cada dia, de cada noite e de cada madrugada em mais de um rincão do território nacional. Real de cada classe social distanciada pela mesma democracia dissociada em representatividade elencada em Carta Magna Constitucional.
   Medidas em molde. Polegadas do dedo indicador. Centímetros cúbicos do eleitor. Alfinete, tesoura e dedal. Linha na agulha de metal. Costura e armação. Roupa do próximo verão. Roupagem praiana. Moda republicana. Vestidos, revestidos e investidos em mais de um Poder. Fome e vontade de comer. Fome nua e crua continuada a cada alvorecer. Vontade política conjugada pelo verbo cozer.
   Caldeirão institucional. Panela sem pressão do Congresso Nacional. Fervura e escaldado. Entrada e prato principal. Embutido e revirado. Salame fatiado. Queijo importado. Azeitona a granel. Palanque e papel. Palito e guardanapo. Aparato e aparador. Cardápio do legislador. Mesa arrumada. Vela no castiçal. Ceia antecipada de Natal. Guloseima e rabanada. Casa superficialmente arrumada. Travessura mais do que ensaiada.
    Visitante internacional com hora marcada. Varanda ampliada. Copa cozinha conjugada. Suíte em nada presidencial. Clientela mais do que empresarial. Banho a vapor. Banho de imersão. Banheira de casal. Água termal. O alfaiate do colarinho acetinado. A cozinheira do avental estampado. O alfaiate do corte exclusivo da realeza de plantão. A cozinheira da corte em mais de uma ocasião.
    Cama, mesa e banho. Colcha nova no colchão mais do que desgastado. Fronha no travesseiro improvisado. Toalha rendada. Iguaria variada. Sabonete inglês. Perfume francês. O alfaiate e a cozinheira com voz e com vez. O alfaiate e a cozinheira da mesma clientela que virou freguês. O alfaiate da nudez cada vez mais liberada. A cozinheira da receita original cada vez mais alterada.
     O alfaiate da pátria cada vez mais remendada. A cozinheira da república cada vez mais esfomeada. Gastos e despesas. Contas a pagar. Bolsas e bolsões. Quem é que vai equacionar? Passeio completo. Trapos e farrapos... Quem é que vai usar? Migalhas e mordomias... Quem é que vai desfrutar?
    Nessa festa vale quase tudo. Nessa fará quem entrou tem que saber dançar. Quem é que vai fazer o disco virar? Quem é que vai assistir o Brasil além de um tempo regulamentar? Quem é que vai competir? Quem é que vai perder? Quem é que vai ganhar? Quem é que poderá decidir? Quem é que irá arbitrar?
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


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