quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Casa Barão de Melgaço: Presente!

Casa Barão de Melgaço: Presente!


      Centro Mato-Grossense de Letras: Contagem regressiva para o centenário de um organismo literário edificado de geração em geração. Doze intelectuais reunidos no ideal embrionário da Fundação. Doze novos sócios escolhidos em Comissão. Vinte e quatro patronos homenageados pela gratidão. Vinte e quatro membros efetivados e irmanados pela liberdade de expressão. 
       Sessão Magna de Instalação. 07 de setembro de 1921. Local: Salão Nobre do Palácio da Instrução. Hino da Independência em execução. Posse da primeira Diretoria. Discurso inaugural: Dom Francisco de Aquino Corrêa em “largas pinceladas” margeadas pela perfeição em maestria discursiva e gramatical.
      Primeiras letras lançadas em programa de ação institucional. Estudo da beleza em comunhão universal. “Comecemos com Deus!” – Disse o orador em exclamação inicial. Legenda sagrada em brasão: “Pulchritudinis astudium habentes”. Eclesiástico, 44, 6 por inspiração. “Nosso fim é cultivar as belas letras, que tão sugestivamente são chamadas boas letras... Através da beleza literária, a beleza moral da virtude e do caráter”. Continuou o orador em peroração...
      Na mesma Magna Sessão de Instalação, sinfonia, canto e coral em esplendida melodia. Piano, violino e sonetos orquestrados e declamados em sintonia. O Hino Nacional, em música e coro finalizaram a Ordem do Dia. Estavam lançadas as primeiras luzes sobre um sodalício erguido com comprometimento, com determinação e com galhardia.

      Com o passar dos anos, onze precisamente, o Centro Mato-Grossenses de Letras, em data de 07 de setembro de 1932, mais tarde fortalecido em sede própria, é elevado à categoria de Academia Mato-Grossense de Letras. Ergue-se um dos braços fortes da cultura mato-grossense, desde a sua nascente, irmanada conjuntamente com o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, que fora fundado em 1º de janeiro de 1919.
      A partir de 23 de novembro 1930, por doação nos termos do Decreto nº 01, assinado pelo governador Antonino Menna Gonçalves, surge em 1936, na multisecular “Casa Barão de Melgaço” – (Construída entre os anos de 1775 e 1777, e que se tornou, a partir de 1843, o solar familiar do francês naturalizado brasileiro Almirante Augusto João Manoel Leverger, até a sua morte em 1880, e, depois passada por herança a D. Emilia Augusta Leverger até 1905, quando passou a ser propriedade da D. Catharina Augusta Leverger, e que por determinação do Presidente do Estado Estevão Alves Corrêa, o imóvel foi desapropriado como patrimônio histórico, em 14 de janeiro de 1926) * – a sede de duas instituições de cunho cultural e científico – Academia Mato-Grossense de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, independentes e harmônicos entre si, e, que, igualmente, caminham em direção ao culto do belo e do universal.
     Hoje, a “Casa Barão de Melgaço”, situada na atual Rua Barão de Melgaço, Nº. 3.869, no centro histórico da capital Cuiabá, outrora Rua do Campo, depois de tardiamente restaurada e revitalizada, abriga em suas colunas muito mais do que um arquivo ou uma biblioteca nem sempre visitada. Abriga mais. Abriga as palavras que se tornaram o eco dos imortais que ali tiveram vez e voz. Abriga na mesma ampulheta do tempo, em trajetória continuada e veloz, as mais distintas e primorosas vertentes em veios literários aflorados, polidos e lapidados em pepitas e diamantes da língua portuguesa.
    Abriga ainda, além dos livros publicados, a nobreza dos acervos cultivados em nome da mesma beleza buscada nos primórdios da sua fundação. Abriga o ideal literário na partitura de um novo século iniciado pela tecnologia da informação. Abriga a alma dos sócios fundadores e dos seus respectivos sucessores a cada novel eleição. Abriga o espírito dos patronos das cadeiras ornamentadas pelo mesmo bis, pelo mesmo refrão. Abriga a cultura em letras mato-grossenses destinadas e perpetuadas em grandiosa missão.
      Participemos desse abrigo em mais de um instante em busca do conhecimento e do saber. Encontremos nesse abrigo o que nos assegura a essência do verbo ser. Perpetuemos e conservemos esse abrigo da sabedoria, da força e da beleza que nos impulsiona em direito, em obrigação e em dever. Façamos a nossa parte. Casa Barão de Melgaço: Presente em cultura, em ciência, em arte...
“Para conquistar o muito que fez e vem realizando, a Academia Mato-Grossense de Letras teve que palmilhar entre espinhos e abrolhos...”. Acadêmico José Ferreira de Freitas, Cadeira 32.
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com

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