quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Faixa & Fachada

        Faixa em peito nada varonil. Fachada da Pátria Brasil. Faixa preta em arte nada marcial. Fachada rebocada de cal. Faixa salarial em teto sem cumeeira. Fachada do Congresso Nacional. Faixa faxineira diarista. Fachada brasileira em nada humanista. Faixa fronteira. Fachada frontal. Faixa de Gaza nacional. Fachada principal. Faixa tira de couro recortado. Fachada em morro dito pacificado. Faixa faísca. Fachada cera de museu. Faixa arena. Fachada coliseu. Faixa domínio. Fachada loteada. Faixa atada. Fachada falaz. Faixa falsete. Fachada palacete.
        Faixa em nada musical. Fachada sertão. Faixa litoral. Fachada territorial. Faixa institucional. Fachada republicana. Faixa rural e urbana. Fachada farelo. Faixa grão. Fachada martelo. Faixa prego. Fachada farinha de guerra. Faixa fada madrinha. Fachada verde. Faixa amarela. Fachada farol. Faixa farnel. Fachada fracionada. Faixa farrapada. Fachada fantoche. Faixa brioche. Fachada falcatrua. Faixa falange da corrupção. Fachada ficha limpa. Faixa fagulha em erupção. Fachada narração. Faixa fabulação.
        Fábrica ou fabricação? Manufatura ou construção? Infâmia, injúria ou difamação? Lei ou legislação? Arco ou flecha? Faca ou facão? Dardo ou arpão? Míssil ou fuzil? Ficção ou realidade? Justiça ou arbitrariedade? Fantasia ou falsidade? Falácia ou calamidade? Fanatismo ou familiaridade? Grupo ou base? Gôndola ou dromedário? Fanfarra ou falsário? Túmulo ou berçário? Cúmulo ou acumulado? Inocente ou culpado? Quem julga? Quem será julgado? Quem pleiteia? Quem será representado? Quem norteia? Quem será desnorteado?
        Perguntas elencadas na cartilha de uma mesma população. Respostas advindas antes de qualquer confirmação. Versos em prosas mais do que virtuais. Tempestades e vendavais. Tribunais. Litígios e litigados. Vestígios e investigados. Prestígios e bom-bocados. Amargos e adocicados. Picantes e picaretas. Agravo e agravantes. Cravo e outras especiarias em nada indiana. Intriga mais do que palaciana. Briga mais do que acirrada. Urtiga aquém do Planalto Central. Fadiga eleitoral.
        Hoje tem marmelada? Amanhã a goiabada é cascão? Quem ralou o queijo parmesão? Quem acendeu o tacuru? Quem comeu cabeça de pacu? Quem sobrevive com angu? Quem torrou a castanha do caju? Quem se esconde em toca de tatu? Será tu, cobra criada? Seremos nós, cidadãos e cidadãs da pátria amada? Arapuca pega pombo e pardal. Neste mato tem raposa, tem coiote e tem lobo mau. Nessa estória, vencerá quem sabe com quantos paus se faz uma canoa. Nessa estória, tem gente má e tem gente boa. Nesse barco, popa, leme e proa. Garoa, também molha e resfria. Para quem vai a Faixa & Fachada da nossa famigerada democracia? As urnas falarão por nós. Por hora, apenas versos. Por minuto, apenas versões. E por segundo? Indignações!
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT.

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