quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Métrica da eleição nacional
         Mais de um peso. A mesma medida. Mais de um dedo. A mesma ferida. Mais de uma causa social ignorada. A mesma injustiça continuada. Mais de uma panela vazia. A mesma mordomia. Mais de um infante marginalizado. O mesmo Estatuto invalidado. Mais de um hospital de portas fechadas. As mesmas escolas sucateadas. Mais de uma dezena de vitimados pela violência urbana noite e dia. A mesma insegurança além de uma periferia.
         Balança mais do que comercial. Bonança mais do que estatal. Brasília, Capital Federal. Palácio do Planalto e Congresso Nacional. Rampas e gabinetes refrigerados. Rompantes e repentes de uma representação política distanciada da verdadeira democracia social. Brioches importados de uma revolução mais do que francesa. Nobreza nem tão real. Guilhotinados nos epitáfio dos esquecimentos. Povo sem voz nos parlamentos. Povo sem vez nos proclamados “enriquecimentos”. Quatro cantos. Quatro ventos.
         Nomes para escolher e não errar. Quatro anos para ordenar e progredir. Quatro metas para edificar e garantir. Quarteto em nada violado. Quadrante do Brasil alfabetizado. Querência de melhoria mais do que salarial. Competência e garantia em nível assistencial. Gerência e administração governamental. Confluência militar e civil. Abrangência diante da causa chamada Brasil. Testemunhas arroladas de um mesmo desenvolvimento dito sustentado. Dever Público. Direito Constitucional. Alternância emergencial.
         Mudaremos ou seremos mudados? Bradaremos ou seremos silenciados? Acataremos ou seremos desacatados? Uniremos ou seremos repartidos? Multiplicaremos ou seremos subtraídos? Esqueceremos ou seremos mais do que uma lembrança publicada em manchete de jornal? Avaliaremos ou seremos desvalorizados? Venceremos ou seremos derrotados? Viveremos em liberdade ou continuaremos reféns da covardia? Alcançaremos a igualdade ou vestiremos a máscara da hipocrisia?
        Perguntas que a poesia não pode responder de imediato. Perguntas que se alternam em mais de um afluente rumo ao mesmo regato. Perguntas do rato e do rei Roma. Perguntas tanto da ratoeira e quanto da Pátria em coma.
       Coma? Ou acomodação? Coma? Ou infestação? Coma? Ou comensais? Coma? Ou pacientes terminais? Coma? Ou calamidades regionais? Coma? Ou fronteiras internacionais? Coma? Ou colméia sem zangão? Coma? Ou infante armado? Coma? Ou morro pacificado? Coma? Ou epitáfio encomendado? Coma? Ou cobra criada? Coma? Ou funeral da pátria espoliada? Coma clínica ou coma crônica? Coma conto ou coma ficção? Coma da Nação. Coma métrica da eleição. Régua, lápis e cordel na mão!

Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com

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