sexta-feira, 3 de maio de 2013

Onde está a poesia?


Onde está a poesia?
      Há poesia em vértice cultural. Há poesia em horizonte gramatical. Há poesia em língua portuguesa. Há poesia na força da natureza. Há poesia na beleza da criação universal. Há poesia na humanidade advinda do mesmo sopro divinal. Há poesia de amor e de amantes. Há poesia de maduros e de infantes. Há poesia de instantes passageiros. Há poesia de minutos prolongados. Há poesia em versos nunca publicados.
      Há poesia no aqui e no agora. Há poesia no ontem e no amanhã. Há poesia em qualquer hora. Há poesia em qualquer local. Há poesia de mel. Há poesia de sal. Há poesia no orvalho da madrugada. Há poesia na flor polinizada. Há poesia na infância protegida na segurança do lar familiar. Há poesia no verbo dividir e no verbo multiplicar. Há poesia na liberdade enquanto forma de expressão verbal. Há poesia na igualdade enquanto pensamento e ação em tempo integral.
      Há poesia no nascer e no pôr do Sol. Há poesia no brilho recatado da Lua. Há poesia na luminosidade distante das estrelas. Há poesia nas cascatas e nas cachoeiras refletidas nas cores do arco-íris. Há poesia na revoada de pássaros que margeiam o mesmo Pantanal. Há poesia nas árvores seculares de uma mesma Floresta Tropical. Há poesia no Cerrado resistente em mais de uma queimada anual.
     Há poesia porque há letras. Há poesia porque há poetas. Há poesia porque portas e janelas devem permanecer sempre abertas. Há poesia em frases concretas. Há poesia em orações edificadas. Há poesia em palavras irmanadas numa mesma construção. Há poesia pela paz no mundo irmão. Há poesia pelo planeta em franca degradação ambiental. Há poesia pela moralidade mais do que institucional. Há poesia pela ética além da Capital Federal.
     Haverá poesia neste e naquele instante da pátria republicana? Haverá poesia nesta e naquela paisagem urbana? Haverá poesia no pedinte descamisado no sinal? Haverá poesia nas páginas ignoradas de uma mesma Constituição Federal? Haverá poesia na piracema sem lufada? Haverá poesia na pátria da bola no pé sem chuteira? Haverá poesia na escola sem carteira? Haverá poesia no pronto socorro sem atendimento hospitalar? Haverá poesia na violência cada vez mais banalizada pelo verbo assassinar?
      A poesia não nasce de parto prematuro. A poesia não caminha em pavimento escuro. A poesia tudo vê e tudo aporta. A poesia tudo alcança e tudo suporta. A poesia conforta mesmo sem tocar. A poesia eleva o pleno despertar. A poesia muda o olhar. A poesia enobrece o sentimento. A poesia é ampulheta de um mesmo tempo cronometrado. A poesia é espaço ampliado. A poesia é verso inacabado. Onde estiver a poesia, estará o poeta de prontidão. Onde houver poesia, estará à mesma cadência de um coração.
      Salve o Dia Internacional da Poesia. Viva a Bahia antes de Castro Alves e depois de Caetano Veloso. Salve o Brasil em verso livre e grandioso de Leste a Oeste, de Norte a Sul! Há poesia em prisma luminoso sobre o planeta azul! Viva!
Airton Reis é poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com

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