terça-feira, 15 de outubro de 2013

A bola, o bolo e a cereja...

A bola, o bolo e a cereja...

       Confeitaria francesa. Confederação dita popular. Brioches de par em par. Guilhotina sem pescoço. Angu com mais de um caroço. Massa fermentada pronta para as sucessivas fornalhas. Gatos esperando por migalhas. Ratos lambuzados da mesma cobertura. Formigas vermelhas no pé da mesa. Destreza no ato de açucarar. Esperteza na arte de representar.
        Goiaba sem bicho. Arena no capricho. Estruturas erguidas. Cadeiras encomendadas. Cadeiras douradas. Cadeiras exclusivas. Cadeiras colossais. Cadeiras medievais. Cadeiras cravejadas de diamantes. Cadeiras orçadas em preços alarmantes. Cadeiras dos reinados sem fim. Cadeiras dos impérios perpetuados. Cadeiras dos assentos caramelados.
        Água na boca além de um diabético dependente da dose diária de insulina. Acomodação mais do que hospitalar para quem sofre de qualquer distúrbio renal. Vanguarda na inclinação nem tanto vertical. Prolongamento para o pescoço protegido de qualquer impacto advindo de uma bolada desvirtuada em divididas. Massagens programadas para os intervalos das quatro partidas.
        Coloridas como o arco-íris em arco celestial. Confortáveis como o leito nupcial. Cadeira de solteiro. Cadeira de casal. Cadeira de pedra. Cadeira de madeira. Cadeira de metal. Cadeira reclinável. Cadeira luxuosa. Cadeira em verso. Cadeira em prosa. Cadeira despetalada. Cadeira investigada. Cadeira rimada. Cadeira da torcida organizada. Quem a viu? Quem a aprovou? Quem nela sentará? Quem por ela pagará?
       A bola em breve no campo gramado. O bolo encontra-se amanhecido na estufa diante da clientela esfomeada. A cereja flambada em autêntico rum caribenho. A bola sem furo e sem estouro. O bolo da farinha do tesouro. A cereja colorida artificialmente. E o bandeirinha? Ausente ou inoperante? E o juiz? Imprudente ou vacilante? E o público pagante? Presente e vigilante!
        A bola já está pronta para a rede balançar. O bolo ainda depende de quantas bocas famintas vai saciar. E a cereja? Era uma vez... Já comeram!
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário