terça-feira, 29 de outubro de 2013

Justa partilha; perfeita produção! AIRTON REIS*

Justa partilha; perfeita produção!
AIRTON REIS*


      Os poços de um visconde aquém de um sabugo de milho falante. Os poços de um combustível aquém dos domínios de uma plataforma perfurante. Os poços de um bem natural aquém e além de uma reserva legal. Os poços de uma discórdia gananciosa chamada pré-sal. Nacionalidades e concessões questionadas. Milhas alteradas. Camadas exploradas.
      Justa partilha sem qualquer predileção. Perfeita produção sem qualquer favorecimento. Justa partilha além de um parlamento equivocado. Perfeita produção distribuída entre todo e qualquer município e entre todo e qualquer Estado Federado.

      Royalties mais do que contestados juridicamente. Vetos de uma presidente. Vetores de uma sociedade civil organizada. Vértices edificantes de uma mesma alvorada. Passeatas e movimentos em disputa mais do que acirrada. Opinião pública publicada. Brasileiros e brasileiros herdeiros no mesmo testamento da pátria legalmente codificada. Proporção distribuída deveras equilibrada.

      Dividendos públicos e dívidas sociais numa mesma conta reprovada. Igualdade simulada em cota de efeito mais do que tardio. Igualdade distanciada em mais de um desvio. Igualdade trocada em miúdos triturados. Igualdade ignorada em parlamentos saturados. Igualdade mumificada em templos saqueados. Igualdade em passo de gigante sem qualquer demagogia. Igualdade em compasso ampliado pela democracia. Igualdade em esquadria.

      Levante econômico em colunas irmanadas. Riquezas asseguradas por uma mesma égide constitucional. Brasil antes e depois de um império colonial. Brasil antes e depois de uma divisão territorial. Brasil antes e depois de um mesmo mar continental. Brasil antes e depois de Monteiro Lobato em previsão mais do que real. Brasil do agora e do imediato. Brasil acima de qualquer contrato passageiro. Brasil do mesmo lábaro iluminado além do Cruzeiro. Brasil por inteiro. Brasil da ordem legal. Brasil do progresso nacional. Brasil antes e depois do pré-sal. 

      Prosperidade ao povo brasileiro. Dignidade ao povo além das migalhas esmoladas pelo pão de cada dia. Soberania ao povo na ordem do dia. Vida longa ao petróleo brasileiro em toda e qualquer baía. 

      Justa partilha; perfeita produção! Enquanto isso, que todos nós brasileiros almejemos o fim de qualquer regalia. Enquanto isso, que todos nós brasileiros compartilhemos da verdadeira cidadania. Enquanto isso, que todos nós brasileiros desfrutemos além dos versos sem rima advindos de cada refinaria.
(*) Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. Crônica classificada no “Concurso Nacional Novos Poetas”, integrante da Antologia “Poesia Livre”, 2013, Vivara Editora, São Paulo-SP.



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