quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A “fortiore ratione”

A “fortiore ratione”
      “Se, como proclamam habitualmente as Constituições, todos são iguais perante a lei, podemos esperar que, a fortiori, todos também sejam iguais perante a Administração Pública”. (Anônimo).

        Igualdade em via de fato e de direito constitucional. Igualdade em voto livre, secreto e universal. Igualdade em respectiva folha salarial. Igualdade mais do que nunca proclamada em pleito eleitoral. Igualdade com maior razão social. Igualdade fracionada tanto mais que qualquer grão integral.
        Igualdade sem diagnóstico civil. Igualdade sem escolaridade cidadã. Igualdade em precariedade assistencial. Igualdade em enfermidade sem prescrição emergencial. Igualdade em calamidade nada ocasional. Igualdade fraudada aquém da melhor idade. Igualdade pela metade da metade. Igualdade na trave sem goleiro. Igualdade na clave do povo brasileiro. Igualdade deveras por inteiro.
         Força desfalecida em representação política. Força ignorada em produção agrícola e industrial. Força desfigurada em mais de uma ocorrência policial. Força deveras condutora da ética revestida pela moral. Força abalada em mais de uma comissão parlamentar de inquérito do Congresso Nacional. Força desarmada pela corrupção institucional. Força forjada em esfera federal. Força desencontrada em reclame estadual. Força minada em meandro municipal. Força do faz de conta finalizado em vantagem pessoal.
         Administração pública ao bel prazer dos governantes e legisladores eleitos e empossados. Administração Pública dos olhos fechados as carências emergenciais dos entes federados. Administração Pública dos bolsões maculados pela miséria insolúvel aos decretos aprovados. Administração Pública dos convênios cancelados pela improbidade. Administração Pública dos preteridos pela legalidade. Administração Pública nas goteiras causadas pela desonestidade...
        Causa e efeito numa mesma reação. Inconformados e descontentes sem qualquer previsão de melhoria. Democracia à revelia. Democracia distante de qualquer sintonia. Democracia vazia e esvaziada. Democracia da cara mascarada. Democracia da cara deslavada. Democracia fadada ao descontentamento. Democracia sem eco em mais de um parlamento. Democracia ao vento. Democracia sem equidade. Democracia fora do prazo de validade. Democracia da vaidade.
         Razão da justiça. Razão da liberdade. Razão da vida em sociedade. Razão da pátria. Razão da família. Razão da humanidade. Razão da imprensa livre de qualquer censura. Razão do verso desfolhado em página de literatura. Razão da espionagem mais do que pessoal. Razão da sucessão eleitoral. Razão da inclusão mais do que digital. Razão do próximo conflito internacional. Razão da próxima invasão territorial. Razão da Primavera sem floração quiçá ornamental.
         É setembro. Vítimas e vitimados pela mesma força em nada motriz. Um taxista assassinado. Um bando armado. Um banco assaltado. Uma escola do portão fechado. Uma lição sem giz. Uma produção agrícola sem escoamento. Uma força sem pavimento institucional. Uma razão na coluna do esquecimento. Um grito sem riacho. Um público capacho. Um facho ora aceso, ora apagado pelo verbo abafar. Um caldeirão transbordante em indignação mais do que singular. Uma panela de pressão popular.
       “Minha casa, minha vida”... Nossa presidente, nossa dívida ativa. Nosso povo, nossa democracia desvalida. Nossa força incontida. Nossa razão ratificada. Nossa pátria idolatrada. Nosso palácio da Alvorada. Nossa cara pintada. Nosso voto certeiro. Nosso povo brasileiro. Nós nas fitas em laços e em nós atados. Nós nas fileiras dos contribuintes cada vez mais lesados. Nós nas extremidades dos picadeiros políticos reeditados. Governantes dos desgovernados. Legisladores dos ignorados. Juristas dos indiciados. Adjetivos sem predicados. Náufragos à deriva... Ilhados!
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


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