segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Três tempos...

Três tempos...

   Ontem, o passado na lavanderia em nada republicana. Hoje, o presente na cantina mais do que italiana. Amanhã, o futuro além da mobilidade urbana. Três tempos, três Poderes elencados numa mesma Carta Magna Constitucional. Três tempos, dois Poderes emanados de pleito em pleito eleitoral. Três tempos, um Poder exercido pelo Supremo Tribunal Federal.
   Trilogia do fogo e da fumaça. Trilogia da água fervendo no mesmo caldeirão. Trilogia do ar canalizado em corrupção. Trilogia da terra no alvorecer da Primavera sem floração. Três tempos sem qualquer analogia ambiental. Três tempos numa mesma moda de viola nacional. Três tempos em mais de uma arbitrariedade institucional. Três tempos em mais de uma semelhança real.
   Tempo jurídico. Tempo de moral. Tempo de tribunal. Tempo imparcial. Tempo cronometrado. Tempo acelerado. Tempo parado. Tempo ignorado. Tempo ocupado. Tempo perdido. Tempo pessoal. Tempo coletivo. Tempo singular. Tempo plural. Tempo aberto. Tempo fechado. Tempo político. Tempo social. Tempo econômico. Tempo conflitante. Tempo alarmante. Tempo de guerra. Tempo de paz. Tempo de diplomacia. Tempo de cidadania. Tempo estendido. Tempo de democracia. Tempo emergencial.
   Quarto parágrafo sem travessão. Quarta feira de uma Nação. Quadrante da liberdade mais do que passageira. Quadrado retangular de uma bandeira. Quarteirão da única porteira. Quadra brasileira. Quadriculado artificial. Quadrante além do Congresso Nacional. Quadrilha do mesmo arraial. Quarto de solteiro. Quarto de casal. Quarteto mais do que violado. Quadro escrito. Quadro apagado.
   Quinto e último parágrafo da mesma opinião. Quinta feira da mesma decepção. Cinco dedos da mesma mão. Cinco dedos do mesmo pé. Cinco sentidos sensoriais. Cinco segundos finais. Cinco minutos prorrogados. Cinco votos invalidados. Cinco votos desempatados. Cinco votos somados. Cinco votos subtraídos. Cinco votos multiplicados. Cinco votos derradeiros. Cinco votos diluídos em aguaceiros. Cinco votos concentrados em nevoeiros.
   O sexto parágrafo tornou-se curto por questão de tempo e de espaço. O sexto voto, doravante, colocado em redoma de concreto, de vidro e de aço. Régua sem compasso. Maço sem cinzel. Nível sem prumo. Ampulheta sem areia. Relógio sem ponteiros... Três tempos, outros palhaços nos mesmos picadeiros. Deus salve, além da América, o povo americano, o povo sírio e o povo brasileiro!
Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário