terça-feira, 24 de setembro de 2013

Minerva não é sabão!

Minerva não é sabão!

   Nem gregos e nem romanos. Nem templo e nem tribunal. Nem arte e nem sabedoria universal. Talvez, a estratégia de uma guerra inacabada. Talvez, a misericórdia procurada no mesmo palheiro. Quem sabe um dia, um panteão na pátria do povo brasileiro. Excelência nem tanto excelente assim. Nem tão essência. Nem tão jasmim. Talvez, uma flor sem jardim. Talvez, um voto sem fim.
   Filha de Júpiter com toda a certeza. Virgindade incontestável. Divindade providente. Escudo, lança e armadura na mão. Deusa de um estado adorada pela multidão. Patrona do trabalho manual e do artesão. Protetora de todos os ofícios sem distinção. Inventora do torno dos oleiros em perfeita rotação.
   Muito mais do que o julgamento de um filho justiceiro e armado. Muito mais do que um apelo ao deus Apolo entronizado. Muito mais do que um direito assegurado. Orestes, o filho em tribunal absolvido e inocentado. Agamêmnon, o pai traído e executado. Clitemnestra, a mãe adúltera. Egisto, o amante assassino e assassinado.
   Todavia, Minerva não é Atena. Todavia, Minerva não é sabão. Todavia, viva permanece a liberdade de expressão. Todavia, “mensalão” é crime de “mensaleiro”. Todavia, lavagem de dinheiro é muito mais do que uma ocorrência policial. Todavia, formação de quadrilha não é direito assegurado num mesmo código penal. Todavia, os embargos em tela infringem até mesmo uma consciência distanciada da realidade. Todavia, depois dos ventos vem a tempestade. Todavia, bonança jamais rimará com improbidade.
    Ficha limpa sem consulta, sem exame, sem medicação. Ficha limpa sem consultório, sem laboratório, sem internação. Ficha limpa sem fato difamatório em questão. Ficha limpa sem água sanitária e sem cloro diluído em solução. Ficha limpa de quem foi alvejado superficialmente. Ficha limpa de quem foi lavado na bacia sem Pilatos. Ficha limpa dos gatos em gastos escaldados não declarados. Ficha limpa dos caninos esfomeados. Ficha limpa dos engasgados nem sempre condenados.
    Quem pediu pamonha e comeu curau? Canela na palha. Milho no ralador. Sem ou com Minerva? Quem manda é o legislador. E quem julga? E quem executa? E quantos são lesados pela mesma atividade corrupta? Com a palavra, os relatores de plantão. Viva a imprensa livre além de uma página de opinião! Pelo sim, pelo não, esta Minerva nunca foi e nunca será a imagem e nem a semelhança da justiça enquanto ciência em busca da perfeição.

Airton Reis, professor, poeta e embaixador da paz em Mato Grosso. airtonreis.poeta@gmail.com

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