segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Balada da balança

    Pesos e massas em aferições diferenciadas. Centímetros e polegadas. Quilogramas e toneladas. Hora, local e data marcadas. Bandeiras e bandeiradas.  Balança analítica. Balança de precisão. Balança industrial. Balança de bodega. Balança eletrônica. Balança mecânica. Balança pratos. Balança bandejas. Balança braços. Balança instrumento de medida. Balança comercial. Balança carga. Balança nutricional. Balança econômica. Balança social. Balança jurídica primordial. Balança política emergencial. Balança povo brasileiro. Balança eleitoral.
    Para que lado penderá a maioria dos votantes? Em quais dos postulantes a imagem e a semelhança da autêntica democracia? Cidadania oculta ou distanciada? Quem escuta e fica com a boca fechada? Quem dá com uma mão e tira com um chute ou uma pelada? Quem come o milho do mesmo milharal? Quem continua com fome mesmo com todo o crescimento dito nacional? De quem a assinatura no veto presidencial? Quando a próxima reforma do Código Penal? Quantos os beneficiários da Previdência Social? Quantos os impostores da Receita Federal?
    Números distanciados de qualquer equação. Prato quente da corrupção. Bandeja fria da indignação. Braço articulado da improbidade em mais de uma região. Instrumento de especulação em nada imobiliária. Comercialização partidária. Carga em carroceria em nada imaginária. Desnutridos em mais de uma faixa etária ignorada. Despidos de qualquer indumentária importada. Iludidos pela mesma reforma agrária postergada. Balança avariada. Balança fiscalizada. Balança da balada orquestrada. Balança de urna em urna apurada.
    Para quem vai à tecla da confirmação? Com quantos votos se faz a maioria de uma eleição? Quando o facão? De onde o queijo parmesão? De quem a mão? Tem goiabada cascão? Tem “mensalão” em mais de uma edição. Tem candidato com a mais diversa profissão. Tem candidato profissional. Tem candidato contratado. Tem candidato patrocinado. Tem candidato comprometido. Tem candidato desesperado. Tem candidato confiante. Tem candidato calouro. Tem candidato veterano. Tem candidato rural. Tem candidato urbano...
    Haverá candidatura voltada ao regime republicano? Tudo não passará de um ledo engano? Que responda o eleitorado mais do que decano. Muita manga para pouco pano. Pouca tanga para muito cacique. Pão com mortadela. Hora do piquenique. Repique na toalha esticada. Balança ligada. Balança digital. Balança primordial. Balança Tribunal Eleitoral. Balança fiel. Balança certeira. Balança verdadeira. Balança de feira. Balança de rodovia. Balança central. Balança da periferia.
    Balada da balança na partitura da democracia. Quem canta? Quem toca? Quem dança? Quem ganha? Quem barganha? Quem perde? Quem se despede? Quem pede? Quem doa? Quem troca? Quem vende? Quem compra? Quem representará? Quem pesa? Quem mede? Quem confere? Quem delega? Quem elege? Quem vota? Quem é votado? Quem será eleito? Quem será empossado?
    Na balada da balança o nosso voto será computado. Na balada da balança, de Estado em Estado federado, o Brasil mais do que musicado. Na balada da balança, com ou sem calúnia em desafeto cruzado, o eleitor esclarecido e inconformado. Na balada da balança, o grito do eleitorado em brado ampliado.
    Façamos parte nessa pesagem enquanto ainda há tempo e espaço. Tempo político. Espaço social. Na balada da balança, aqui e acolá, obteremos o resultado final. Abra os olhos Brasil. Não adormeça Mato Grosso. Balança que pesar a carne pesará igualmente o osso. Fim da balada, nem tão leve como uma pluma de tucano. Pé de pano. Nem perda e nem dano. Pavilhão republicano.
    Alerta geral: o Ministério da Democracia adverte: Vote com convicção. Votar por votar é causa com efeito até então sem nenhuma prescrição. Evite toda e qualquer bula, sem indicação medicinal. Em caso de dúvida, use a balada da balança em pesagem primordial. Conosco, e, em plena harmonia, o maestro oficial: Tribunal Superior Eleitoral. Sol maior. Ponto final.

Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com

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