segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Ideia sem acento

     A nova ortografia da língua portuguesa nem sempre é conhecida ou observada. A palavra colmeia não é mais acentuada. O mesmo acontecendo com a geleia de cunho natural. Regra a nós repassada em correção fraternal. Mas, o que podemos considerar oportuno diante de um período eleitoral? Será que saberemos eleger postulantes com a devida e com a precisa observância mais do que gramatical?
    Aonde o compromisso constitucional? Até quando o padecimento em lastro institucional? O social é um princípio político? A reeleição é uma causa partidária? A mudança advinda das urnas será temporária? A violência será imaginária? A corrupção é onda ou é enseada? A Casa é do Povo ou de uma classe capitalizada? O Palácio é de cristal ou de uma tribo outrora catequizada? Laranjeira é pé de laranja? Com quantos quilogramas de galinha se faz uma canja?
     Perguntas de respostas nem sempre evidentes ou mesmo imediatas.  Presidente ou “presidenta”? Vício de linguagem ou exceção? Faixa ou gesso da embromação? Cantoria da cigarra ou dona baratinha em plena hibernação? Pátria, País ou invenção republicana? Casca de abacaxi ou casca de banana? Frutaria francesa ou perfumaria em nada franciscana? Mel ou melado de cana caiana? Reputação ilibada ou má fama? Comédia (com ou sem acentuação?) ou dramalhão? Realidade ou ficção? Improbidade ou invenção? Carne assada ou churrascada numa mesma degustação?
     Responda você eleitor igualmente inconformado em mais de uma zona eleitoral. Responda você leitor de opinião publicada além da mídia virtual. Respondemos nós poetas articulistas em mais de um jornal circulante além desta Capital. Ah! Cuiabá! Oh Mato Grosso! Tanto concreto em tamanho alvoroço. Muita carne, pouco osso. Muitos grãos, tamanhas clareiras. Novas entradas, antigas bandeiras. Bandalheiras em bis e em refrão. Desrespeito mais do que cidadão. Verde desbotado. Lavanderia sem sabão. Enquanto isso, muita faca e pouco queijo parmesão.
     A goiabada continua sendo feita de marmelo. O prego jamais será sinônimo de martelo. O parafuso permanece sem rosca. A chave de fenda desapareceu num passe nem tão mágico assim. A moto serra continua ligada aquém de um jardim. Todo começo nem sempre tem um meio ou um fim. A cada tropeço, uma fortaleza de marfim. Lâmpada apagada. Lenda de Aladim. Tapete voador. Gênio nem tão genial. Gerúndio em tempo verbal. Casualidade mais do que mensal. Liberdade atrofiada em plena era digital.
      Afinal, em cada voto uma expectativa deveras fundamental. Afinal, em cada palavra a devida concordância nem sempre nominal. Do Mato Grosso, ou, de Mato Grosso você é natural? Para o Brasil ou para a classe empresarial? Para a educação ou para o ensino em tempo integral? Para a saúde ou para a prestação do plano assistencial?
     Continuamos em escrita publicada. A nossa palavra é a resultante de uma rima em mais de uma quadra. Enquanto isso, mais de uma quadrilha continua articulada. Enquanto isso, pedra de funda nem sempre é pelota de argila amassada. Enquanto isso, a eleição tem mais do que uma data oficialmente agendada. Oh! Pátria deveras idolatrada! Salve-nos do estouro da mesma manada. Livrai-nos da classe política mais do que mal intencionada. Abrigai-nos perante os mesmos capítulos de uma Constituição Federal mais do que promulgada. Antes, durante e depois de qualquer votação confirmada. Nesta ideia sem acento, e, em toda e qualquer urna apurada.
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com



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