segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Conto de aprendiz...

Conto de aprendiz...

      Voz de assalto. Alta e baixa repercussão. Crimes corriqueiros de uma Nação. Criminosos de plantão 24 horas por dia. Centro urbano e periferia. Moradia e moradores. Paróquia e estabelecimentos comerciais. Ai de ti petróleo nacional mais do que escavado! Ai de nós eleitores alistados de um tempo conturbado! Ai de vós Estado mal governado! Ai de ti público devassado! Ai de nós alvo privado! Ai de vós Congresso Nacional deverás blindado! Ai de ti Palácio em Alvorada sorrateira! Ai de nós habitantes de uma mesma fronteira! Ai de vós roedores sem qualquer ratoeira! Ai de ti Pátria brasileira!
      Crime organizado. Crime continuado. Crime ostensivo. Crime camuflado. Crime dano. Crime lesão. Crime corrupção. Crime lesa pátria. Crime lesa majestade. Crime impunidade. Crime quadrilha. Crime bando. Crime associação. Crime sangria. Crime pirataria. Crime leite derramado. Crime infante armado. Crime infância perdida. Crime cidadania esfacelada. Crime causa. Crime caso. Crime efeito. Crime perfeito. Crime sujeito. Crime leito. Crime eleitoral. Crime pontual. Crime interior. Crime capital. Crime público. Crime prevaricação. Crime improbidade. Crime reincidente. Crime publicado. Crime solucionado. Crime arquivado. Crime comoção social. Crime manchete de jornal.
      Grito de uma independência que nunca aconteceu. Epitáfio de uma morte para quem ainda não morreu. Goleada além da camisa de quem perdeu. Escalada em encosta acidentada. Trocas e trocadilhos em trovas e em trovões. Brocas, brocados e brasões. Ordem em convulsões. Progresso em recessões. Calamidades decretadas aquém das páginas de opiniões. Variantes e variações. Comandantes e comandados. Postulantes e postulados. Votantes deveras representados. Pagantes alistados. Farsantes aliados. Protagonistas repetidos. Figurantes disfarçados. Votos dispersos. Votos concentrados.
      Banana verde ou banana madura? Bananada ou banana maçã envenenada pela madrasta da lisura? Banana de dinamite ou banana “split” em inglês sem tradução? Banana nanica ou banana da terra em mais de uma degustação? Banana prata da casa ou banana ouro da reeleição? Banana mico leão dourado ou banana macaco aranha desgalhado? Banana voto amadurecido ou banana voto amassado? Banana em adjetivo frugal ou banana em predicado nominal? Banana “Chiquita Bacana” ou banana chiquitana? Banana republicana sim senhora e sim senhor. Banana que já deu cacho. Bananeira nas mãos de mais de um agricultor.
      Para quem vai o troféu do melhor legislador? Quem sobe no pódio do povo trabalhador? Curvas e derrapagens. Batidas e colisões. Pneus trocados. Pista escorregadia. Circuito cronometrado. Ayrton com “Y”, acidentado. Senna de um piloto sepultado. Acelera Brasil. Reage Mato Grosso. Há luz no fim do poço. Há passado, há presente, há futuro. Há muro de contenção. Há fórmula para governar um País, um Estado, uma Nação.
       Basta de braço cruzado. Basta de assalto continuado. Basta de assaltado. Quem prende? Quem aprende? Quem continua prisioneiro? Quem julga? Quem defende? Quem acusa? Quem sentencia? Quem é assaltado em plena luz do dia? Quem tem medo de um banho de água fria? Quem tem o dedo no gatilho da democracia? Quem tem o medo no trilho da covardia?
      Certamente, a poesia não comove por versos em mais de uma versão. Certamente, o poeta, igualmente ao povo assaltado, já gritou mais de uma vez: Pega o ladrão! “Os cães ladram, a caravana passa”, diz o jargão mais do que popular. Quase na hora do voto decidir quem e porque irá governar e legislar. E viva a novel eleição. Entre mais de um José, entre mais de uma Maria, as mesmas praças, os mesmos bancos, outras traças, outros trancos, outros barrancos.
     Os mesmo assaltos, os mesmos flancos. Desencantos e desencantados. Feridos e lesados. Preferidos e relegados. Perfilados e dispersados. Votados e votantes. Representados e representantes. Atracados e navegantes. Velas ao mar! Urnas à vista! Vamos remar! Basta de vítimas e de vitimados! Vamos saber com quantos votos se faz um pleito eleitoral vitorioso em todos os Estados federados. Por um Brasil livre dos assaltos banalizados. Assaltantes barrados aquém de um tribunal. Brasileiros não mais lesados em tempo real. Ponto sem final feliz. Lousa pagada. Pó de giz. Dedo na ferida. Atadura na cicatriz. Força matriz. Eleitorado em conto de aprendiz.
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com


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