terça-feira, 29 de julho de 2014

Cara ou Coroa?

Cara ou Coroa?

      Cara limpa. Coroa cravejada de diamante. Cara pálida. Coroa de cocar. Cara pintada. Coroa governante. Cara mascarada. Coroa postulante. Cara ignorada. Coroa inoperante. Cara faminta. Coroa farsante. Cara meliante. Coroa armada. Cara infante. Coroa secular. Cara excluída. Coroa dissimulada. Cara careta. Coroa carretel. Cara sarjeta. Coroa dossel.
      Com que cara nós iremos nos apresentar diante do próximo pleito eleitoral? Com que coroa a classe política se proclamou maioral? Com que cara nós acordaremos da próxima recessão nacional? Com que coroa será adornada a nossa Constituição Federal? Com que cara nós justificaremos a desigualdade mais do que regional? Com que coroa a liberdade será primordial?
      Cara de gato. Coroa de lebre. Cara de rato. Coroa de ratoeira. Cara de rasteira. Coroa de asneira. Cara brasileira. Coroa passageira. Cara secular. Coroa desprovida do verbo representar. Cara marcada. Coroa distanciada. Cara solicitante. Coroa dissimulada. Cara amarrada. Coroa descompassada. Cara de pau. Coroa de metal. Cara do Congresso Nacional. Coroa do Poder Central.
      Cara de quem comeu e não gostou. Coroa de quem reinou sem governar. Cara de quem se ausentou do dever de legislar. Cara de quem provou o pão amassado pela improbidade em continuada delação. Coroa de quem abrigou o lastro da corrupção. Cara de quem ficou sem saúde, sem segurança e sem educação. Coroa de quem almejou a reeleição.
      Cara amassada pelo mesmo travesseiro. Coroa embasada em nevoeiro. Cara do povo brasileiro. Coroa do lobo disfarçado de cordeiro. Cara marcada pelas rugas de expressão. Coroa de um reinado investido pela deploração. Cara lavada pela ética e pela moral. Coroa do assistencialismo governamental. Cara da pobreza em tempo real. Coroa da riqueza acumulada em espaço territorial.
      Nem Espanha e nem Portugal. Nem Reino Unido e nem Canadá. Talvez um poço de petróleo, quase uma Bagdá. Nem deserto e nem desertor. Nem exército e nem gladiador. Talvez uma Arena inspirada num coliseu romano. Talvez um regime político outrora denominado de republicano. Uma pátria mais do que verde e amarela. Um morro dito pacificado. Uma população vivente na favela. Uma aquarela retratada por mais de uma mão. Uma novel eleição.
      Vitória a qual deles, ou, será dela novamente? Quando nós voltaremos ter um presidente? Quando seremos um ente público mais do que federado? Quando seremos um povo politizado? Com quantos votos teremos um governo democratizado? Onde o limite entre o público e o privado? Barqueiro errante ou barco furado? Probabilidade ou articulação partidária? Base aliada ou glória imaginária? Quem estará com a faca e o queijo na mão? Quem provará com quantos paus se faz uma mesma embarcação? Canoa ou navio de pirata? Ouro de aluvião ou mina de prata? Cobre ou latão? Nobreza ou realeza em avaliação? Fraqueza ou fortaleza de uma mesma Nação?
      Cara ou Coroa numa mesma moeda cunhada? Cara ou Coroa numa mesma eleição acirrada? Cara da fortuna acumulada ou Coroa da ventura ao vento? Cara da lacuna legislativa ou Coroa aclamada por mais de um parlamento? Ainda há tempo... Ainda há alternativa. Cara em nada cativa. Coroa mais do que prestativa. Pátria livre, voto alforriado. Poder emanado. Povo representado. Papel político. Brasão timbrado. Sociedade em papel passado. Presente conturbado. Futuro certeiro. Eleitorado brasileiro. Mãos às urnas!
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT.

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