quarta-feira, 23 de julho de 2014

Gatilhos em versos

Gatilhos em versos

      Geometria das guerras em raio exterminador. Círculo do horror. Triangulo da discórdia. Quadrado da desarmonia. Lá, o Oriente em convulsão acelerada. Cá, o Ocidente da Pátria Amada. Disputas acirradas. Fronteiras disputadas. Sentinelas armadas. Lá, mais de um alvo civil. Cá, famílias de um país chamado Brasil. Na tela, o mesmo fogo ardil. Disparos em alvoradas. Jovens e crianças executadas. Faixas e fachadas. Campanhas deflagradas. Promessas esquecidas. Verdades camufladas.
      Violência de cada dia. Esperança de democracia. Liberdade mesmo que tardia. Igualdade margeada em cidadania. Humanidade além de uma poesia. Melodia da Paz emergencial. Alegoria institucional. Atributo e dever legal. Ordem aquém de um Pavilhão. Ordenamento jurídico em questão. Pavimento trilhado. Colunas erguidas. Tempo cronometrado. Ação e reação. Mundo irmanado ou chumbo trocado? Trocadilho disparado. Vítimas e vitimados. Estados inocentados. Povos culpados. Veredictos confirmados.
      Chefes e chefiados. Crimes organizados. Quadrilhas e quadrantes. Falsários e meliantes. Corsários da civilização. Dromedários da desolação. Terroristas declarados. Desertos ampliados. Sede de justiça mais do que social. Urgência do ensino mais do que fundamental. Confluência governamental. Dormência legislativa. Falência política. Improbidades continuadas. Fichas em nada alvejadas. Fichários das urnas “negociadas”.
      Balas e balelas. Bolas e mazelas. Brutos e barbarizados. Resolutos e determinados. Reincidentes armados. Pacientes amontoados. Calamidade pública. República outrora alvissareira. Ilha de Vera Cruz ou Terra da Santa Cruz? Pátria brasileira! Pátria do Evangelho de lar em lar. Pátria dos patrícios de além mar. Pátria dos comícios e das comissões. Pátria dos desperdícios e das degradações. Pátria das violações de cada dia. Pátria das privações além de uma periferia. Pátria das mordomias veladas. Pátria das favelas ditas pacificadas.
      Gaza ou gazeta?  Bueiro ou sarjeta? Banda ou retreta? Cabelo, barba e bigode ou apenas costeleta? Mala ou maleta? Pá, enxada ou picareta? Astro ou cometa? Planeta ou planetário? Modernidade, ficção ou inventário? Quem ficará com o que? Quantos explicarão a causa de tanta insanidade? Quando avistaremos a mesma verdade? Por que nos distanciamos do bem da Pátria, da Família e da Humanidade? Será que ainda poderemos reverter à mesma realidade?
      Uma hora de atenção ao finito e ao infinito. Um minuto de silêncio pelas vidas finadas em mais de um conflito. Um segundo soletrado diante de mais de um atrito. Hora do grito. Minuto da vida ameaçada. Segundo da virada. Hora da Paz selada. Minuto do globo terrestre em rotação continuada. Segundo de uma aeronave tombada. Um míssil certeiro. Um nevoeiro. Uma tempestade. Uma calamidade. Uma atrocidade.
      Gatilhos em versos. Um colapso mundial. Gatilhos em versos. Um ponto final. Gatilhos em versos. Um país constitucional. Gatilhos em versos. Um confronto mais do que territorial. Gatilhos em versos. Menos politicagem, menos vantagem pessoal. Gatilhos em versos. Mais coragem, mais engrenagem social. Gatilhos em versos. Menos covardias, menos valentias armadas. Gatilhos em versos. Mais poesia, mais vidas asseguradas.
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT.

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